BDSM Library - Um Negocio Lucrativo (Portuguese)

Um Negocio Lucrativo (Portuguese)

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Synopsis: Universitarios sob opbservacao de traficantes de droga e de mulheres.

UM NEGÓCIO BEM LUCRATIVO

Geraldo Antonio Lelis de Freitas

UM

O Simca Chambord estacionou na Pracinha do Araçatuba Clube, aquela do Colégio das Irmãs, vizinha da Praça 19 de fevereiro. Carro novo, cores tradicionais de vermelho e amarelo, linha impecável, conforto até exagerado. No radio tocava Neil Sedaka, "You mean everything to me", sucesso romântico.

O local estava deserto. Deserto era modo de se dizer: alguns carros passavam pelas ruas Duque de Caxias e Carlos Gomes. Um "biribeiro" gritou um impropério contra um homem alcoolizado que teimava atravessar a Carlos Gomes, bem na esquina.

Ele sentou-se no banco voltado para o Clube. Era bem majestoso o prédio. Gostava de suas linhas bem delineadas, aliás, o prédio lhe era mais nostálgico do que belo. Era intrinsecamente ligado à sua vida.

Quanto havia se passado. Quantas peripécias lhe aconteceram. Era um morto, para muitos. Mas ali estava para resolver uma situação das mais difíceis e que poderia causar a destruição de pessoas que lhe eram muito queridas. Precisaria de muita cautela, perspicácia, arrojo e até um certo grau de crueldade.

Percebeu a aproximação do primeiro alvo. O primeiro rosto muito conhecido e identificado através de fotos atualizadas se aproximava. Levantou-se displicentemente e encostou-se no carro, de costas para a rua. Disfarçou olhando para um lado, para o outro, abaixando a cabeça, mas com os olhos grudados naquele que se aproximava.

Sabia seu nome, sua idade, profissão, conhecia-lhe os pais, suas preferências musicais, cinematográficas, esportivas. Ele caminhava com as características que lhes eram peculiares: mãos nos bolsos, cabelo loiro bem penteado, olhares furtivos para os lados balançando a cabeça, passos rápidos, largos e firmes. Chegou e sem a menor cerimônia, trepou no banco e sentou em seu espaldar. Desamarrou os cadarços de seus sapatos engraxados. Assobiava "Blue Velvet", música interpretada por Bobby Vinton.

De repente estacou. Percebeu e fixou o olhar naquele "cara" encostado naquele carro. "Uai, quem seria o gajo?" - era o que remoia seus pensamento. O "gajo" olhava para todos os lados, movimentos vagarosos com a cabeça, parecendo não sentir a sua presença; aquilo o intrigara, pois lhe passava uma estranha sensação de que conhecia "aquilo"! Uma sensação de desconforto o incomodava cada vez mais intensamente. Não era medo! Era desconforto mesmo e tudo pelo fato de acreditar já ter visto aquele "cara" em algum lugar. Isto é que o incomodava.

E com todo o seu ímpeto moleque, soltou:

Neste momento, o homem do Simca percebeu que se aproximavam duas pessoas, um casal. Ele também os conhecia. E como! Uma menina loira, com seus 22, 23 anos, corpo perfeito, rosto lindíssimo, aparência meiga e cordial, simples no trajar e imponente no andar. Ele a conhecia há muito tempo. Chamava-se Mércia Maria Tagliaferro. O rapaz era seu irmão, um jovem talvez um ou dois anos mis velho que ela, chamava-se Márcio, aparentemente muito bacana e simples, mesmo sendo filho do proprietário de uma das maiores revendedoras de carros da Wolkswagen, na região, a Tagliaferro Veículos.

Aproximaram-se e sorridentes cumprimentaram o rapaz do banco e sutilmente lançaram sorrisos para o desconhecido. Jonas respondeu aos cumprimentos e só aí é que se lembrou de que não perguntara o nome do rapaz e muito menos sabia alguma coisa a seu respeito.

DOIS

E foram chegando mais estudantes. Nesta altura, o estranho já os observava de dentro de seu veículo, tentando passar despercebido, mas sempre com um sorriso indecifrável na face. Assistiu ao espalhafatoso salto acrobático de Décio, bancário autorizado a fazer plantões vespertino e noturno no Banco em que trabalhava para que pudesse estudar pela manhã.

Teresa Cristina, mineirinha morena, pernas grossas e lindas, bem torneadas, pés delicados e pequenos, corpo miúdo, mas muito bem feito e um rostinho lindo. Essa ele conhecia e muito bem, pois haviam tido uma relação de amizade muito intensa quando vizinhos de residência. Além disso, o pai dela havia sido seu chefe no Banco da Lavoura de Minas Gerais S/A, em que trabalhara anos atrás.

Valter, o "Alemão", isto pelo seu porte germânico, fala alta e autoritária, pessoa boníssima e fraterna. Quando era amigo, realmente era amigo.

E aproximaram-se: João Gordo, Moacir, Iara, Nilton Ortoloni, todos... Todos conhecidos. De repente surge uma menina mais franzina, pele mais escura, pernas finas, olhos grandes e fundos, palidez que demonstrava um certo aspecto anêmico.

- Oi Margarida! – cumprimentaram todos.

Neste momento, seu rosto se crispou por inteiro, sua expressão tornou-se forte e irada. Avistara o Chrysler, ano 60, vermelho escuro estacionado na Carlos Gomes, perto da Mercearia ao lado da casa do Sr. Dibo. Viu os três ocupantes descer, adentrarem na casa comercial e logo depois voltar para o veículo e partir descendo vagarosamente até virarem na rua Duque de Caxias.

Imediatamente acionou o carro, chamando a atenção de todos, que o acompanharam com os olhares atentos. Fez o contorno da praça, entrou na Duque de Caxias e desceu-a numa velocidade meio alta para aquela via pública.

Mas ele os havia perdido. Deviam ter entrado na General Ozório, ou na Marechal Deodoro. Ele havia optado por esta última, mas não os encontrara.

Enquanto isso tornara-se assunto na pracinha.

Logo depois o grupo se dispersou, sem perceber o Chrysler estacionado na Rua Afonso Pena.

TRÊS

Dentro do Chrysler o assunto em pauta referia-se justamente ao grupo. E era bem acalorado.

E o carro arrancou vagarosamente contornando a praça e passando bem em frente dos irmãos Tagliaferro, que de nada desconfiando, ainda comentaram:

O carro estacionou em frente a uma casa de madeira, assobradada, rodeada por um pequeníssimo pátio gramado, que a separava de um bosque. Era bem isolada, e de difícil acesso o que era feito por uma trilha que serpenteava pelo bosque. Só mesmo o motorista que a bem conhecesse não se enroscava em uma de suas curvas.

O grupo foi recebido por dois homens que usavam máscaras pretas de lã e portavam submetralhadoras Uzi. Os cumprimentos foram triviais, tapinhas nos ombros e alguns "Ois!", ditos de forma displicente. Logo adentraram estando o Chefe à frente da fila.

Na sala de estar uma mobília antiga, empoeirada, sugerindo abandono ou pouco uso. Subiram as escadas e no andar superior entraram em um dos quatro quartos que o compunham.

Na parede coberta por uma espessa cortina, uma mulher bem nova, aparentemente bonita, corpo bem feito, punhos amarrados por uma corda presa a uma argola no teto forrado, amordaçada por tiras largas de esparadrapo branco que retinham em sua boca um trapo velho, olhos expressando o terror daqueles que sabem o que lhes espera. A blusa com os botões de cima arrancados mostravam o branco sutiã sustentando fartos, mas esbeltos seios.

O homem, chamado de Chefe, aproximou-se da mulher, pegou-lhe os seios com suas grandes mãos, enlaçou-os por completo, delicadamente, a mulher se debateu e ele então os apertou com violência causando dor tão lancinante que a mulher emitiu gritos pavorosos abafados pela mordaça ao mesmo tempo em que se retorcia toda.

Risos irônicos se ouviu por todo quarto. Olhares de perversidade foram trocados. Todos se deleiavam com o sofrimento da mulher. Ansiosos, só esperavam o momento em o Chefe os autorizaria para dela se aproveitarem.

A mulher sacudiu a cabeça desesperada num gesto de negatividade, pedindo clemência com os olhos esbugalhados.

Entraram quatro jovens, duas morenas, uma ruiva e uma loira, todas com olhares apavorados, agarrando-se umas às outras, soltando gritinhos de pavor ao avistar a mulher amarrada.

Apesar das tentativas infrutíferas de se libertar das mãos de seus algozes, assim ela foi posta na mesa. Uma corda fina foi enlaçada em seu pescoço e presa embaixo da mesa.

O Chefe chegou, rasgou-lhe o que ainda restava da saia, puxou a calcinha até esta se rebentar, olhou o rosto desesperado da mulher, abriu a braguilha e a penetrou com violência, arrancando-lhe horrendo urro. O ato sexual foi selvagem, brutal, tendo o homem retirado várias vezes seu órgão genital do da moça para retornar com mais força.

Após o orgasmo, sem nenhum descanso, outro a penetrou, ouvindo-se agora o grito abafado de dor, logo após, mais um, e, assim, sucessivamente mais quatro penetrações.

Quando o último terminou havia uma poça de esperma esparramado pela mesa e gotículas de sangue que saiam da vagina dilacerada. A moça mantinha os olhos abertos, mas vendo o nada. Respirava ofegante.

Ia saindo para buscar um pano, quando foi interrompida bruscamente pelo Chefe que a agarrou pelo braço.

QUATRO

A limpeza foi feita de maneira bem lenta, muitas vezes interrompida por ânsias de vômitos, engasgos com as porcarias engolidas, choros convulsivos e, muita, muita humilhação.

Gargalhadas estridentes e até aplausos foram ouvidos no recinto. As outras moças ficaram ainda mais horrorizadas. O que lhes aguardava? Tentavam consolar a mulher da limpeza, mas se preocupavam consigo mesmas.

E assim o fizeram. A mulher urrou de dores, pois os movimentos faziam-na roçar a vagina dilacerada, ora nas cochas, ora na própria mesa, provocando novos sangramentos. Seus punhos continuavam amarrados da mesma forma. Ela tentava mexer-se, mas não o conseguia. Era terrível! Ela sabia perfeitamente quais as intenções dos sádicos. Ela antevia a dor, a agonia de ser penetrada, a humilhação total. E o pior: a impossibilidade de qualquer reação ou de ser salva por alguém.

Ela então fechou os olhos, aproximou-se do orifício e lambeu-o timidamente, enojada, soluçando.

O algoz retorcia o dedo dentro da mulher. Ao retira-lo, obrigou Belinha a coloca-lo na boca e chupa-lo, enojada com o cheiro e gosto de fezes.

Belinha, empurrada e tendo a cabeça pressionada contra as nádegas de Carolina, começou a lamber o órgão da moça com fúria. O terror lhe dava forças para suportar o suplício. A vítima tentava mexer-se, mas apenas conseguia balançar sua cabeça. Sentia o cuspe de Belinha em seu traseiro. De repente, saiu aquele frescor da saliva e cutucou-a algo enorme, pontudo. Sentiu forçar-lhe a entrada e o ânus a dilatar-se, doloridamente. Gritou um sussurro. Aquele grosso pedaço de carne continuou a dilaceração de seu buraco anal e a penetra-la, cada vez mais dolorido. Gritava! E a penetração continuava. Sentia o sangue escorrer-lhe pelas partes internas das cochas. E não parava de penetrar-lhe. Já o sentia quase lhe vazando os intestinos cutucando seu estômago. Urrava! Tentava espernear! Tentava Rebolar! Inútil. Começou o vai e vem. Lento... Compassado... Descompassado... Aumentando a pressão... A velocidade... Saia e entrava causando-lhe cortes nas beiradas do ânus... Líquido... Intestino cheio... Retirada da massa de carne... Líquido escorrendo... Alívio... Pouquíssimo tempo...

Belinha voltou ao seu serviço, agora bem mais difícil, pois teria que limpar as fezes e líquido branco que de dentro do ânus saíra. Começou a lamber... Não agüentou... Levantou-se... Iniciou uma desesperada corrida... Um estampido... A dor na cocha... A queda... Braços agarrando-a... "Vadia", ouviu... Uma pancada na cabeça... Nada mais... A escuridão.

E assim, seis machos usaram e abusaram da mulher. Cada um a penetrou com mais violência do que o outro. D quarto em diante ela nada mais sentia, pois desfalecera de tanta dor.

Quando recobrou a consciência dentro de um inferno de dor em sua parte genital e em seu ânus, se viu amarrada a uma tábua de aproximadamente 25 cm de largura e dois metros de comprimento. Os braços estavam levantados e cordas a prendiam pelos pulsos, antebraços, braços, tórax, cochas, pernas e tornozelos. Ela não podia mexer um só músculo. As cordas de tão apertadas a estava ferindo. Continuava amordaçada. Olhou de lado, único movimento permitido e viu Belinha na mesma situação.

Aproximou-se da vítima e sem nenhuma demonstração de piedade ou arrependimento, pegou-lhe o bico do seio direito e cortou-o com um tesoura. Chegou até Belinha, olhos arregalados, urrando por trás da mordaça, cortou-lhe o bico do seio esquerdo.

Foi até o pé da traidora, pegou um alicate, e apertando a ponta da unha do dedão esquerdo puxou-a até arranca-la por inteiro. Belinha sofreu o mesmo suplício, desta vez do dedão do pé direito.

Os asseclas do Chefe estavam aturdidos com tanta perversidade. As outras moças simplesmente desesperadas. Quando induzidas para trabalhar na organização não imaginavam estas atrocidades a que estaria sujeitas.

Tiveram, cada uma a sua vez, uma das mãos perfurada por prego, as cochas marcadas com ferro em brasa e por fim, arrancado por completo, um seio de cada uma, aquele que estava com o biquinho.

Praticamente sem vida, mas ainda respirando, foram atiradas em um forno de olaria, com 130º aproximadamente. Todos permaneceram no local, até a constatação de que os corpos e tábuas haviam virado cinzas.

CINCO

Eram 8h45min quando Márcio chegou no local combinado. Acompanhado pelo Décio, ficaram aguardando pelos demais.

A sala era ampla. Um quadro de São João Bosco, padroeiro dos Salesianos, chamava a atenção. Padre Mário, um homem que se impunha pelo porte e pela sua personalidade. Alto, ombros largos, cabelos negros, testa grande, nariz adunco, olhos negros, fala mansa mas imperativa.

Em outro local do enorme estabelecimento de ensino, uma outra reunião tinha início.

SEIS

O Cessna sobrevoava a cidade fazendo seu procedimento de aproximação. Dentro seis pessoas: o piloto Coronel Adalberto, o Tenente Corte Real, Tenente Otelo, Tenente Renato Marzagão, Capitão Carlos Nascimento e o Capitão Rogério Cardoso. Revisavam as próximas ações.

O avião aterrissara mansamente na pista asfaltada do Aeroporto de Araçatuba. Taxiava, quando todos observaram uma pessoa de pé, próximo ao parque de taxiamento dos pequenos aviões, tudo indicando que os aguardava. Corte Real já empunhou a sua Mauser 45 e a preparou para qualquer emergência. O mesmo o fez Otelo com seu 38 cano curto.

Todos desceram com olhares fixos no homem parado perto do avião. Neste momento, um outro se juntou ao primeiro. Os dois caminharam na direção dos recém-chegados.

O grupo, que estava atrás da aeronave, se desfez. Saíram primeiro o Prefeito e seu Secretário. Os militares agiram diferentemente. Cada um saiu para um lado; Renato dirigiu-se para a cabeceira da pista; Rogério, para o seu final; o Otelo, por trás das demais aeronaves taxiadas; Corte Real caminhou para a Estação de Passageiros; o Carlão, para o estacionamento dos veículos dos funcionários e o Coronel, para uma pequena garagem onde estava estacionado um Belair 61, vermelho, muito bem conservado, seminovo pelo pouco uso e mais potente que o normal pelo "envenenamento" praticado em seu motor. O carro pertencia à Fazenda Araçatuba e ali ficava especialmente para atender àqueles que chegavam da fazenda e necessitavam ir à cidade.

O Coronel acionou o motor, retirou vagarosamente o veículo do pequeno abrigo e dirigiu-se para a saída do Aeroporto. Alguns metros à frente, o carro fez ligeira parada quando adentrou Corte Real.

Logo à frente, subiu Carlos Andrade.

Mais à frente, eles recolheram Renato que afirmou nada ter encontrado de estranho. Voltaram, passaram pela Estação de Passageiros e continuaram até encontrarem, em uma estrada vicinal, Otelo e Rogério, que também nada haviam visto. Fizeram meia volta e se dirigiram para a cidade.

- Vamos ver o que nos espera.

SETE

Tomáz estacionou sua Lambretta bem em frente ao Edifício Araçatuba, pela Rua Oswaldo Cruz. Subiu ao quinto andar e adentrou no escritório da Aliança Representações, Pecuária e Exportações. No balcão foi atendido por uma secretária de aproximadamente uns 21 anos, Amélia seu nome, e pediu para falar com o Sr. Amadeu.

Teve que aguardar alguns minutos. Ao saírem dois senhores ele foi convidado a entrar.

Ao entrar no elevador, Tomáz sentia-se bem mais aliviado. A bronca, merecida certamente, não havia sido muito humilhante. Sr. Amadeu estava de bom humor naquele dia e tinha a certeza de que ele nada diria ao Patrão. Nem reparou nos dois homens que entraram no elevador quando este parou no primeiro andar.

Tomáz sentou-se em sua Lambretta, deu partida e rodou pela Oswaldo Cruz até à Praça Nove de julho, entrando à direita e continuando pela Rua General Glicério. Diminuiu a marcha no cruzamento com a Rua Tabajara. Como vinha uma carreta, ele parou.

Neste momento, uma Kombi estacionou ao seu lado. Inesperadamente as portas laterais traseiras abriram-se pulando de seu interior quatro homens. Dois agarraram brutalmente Tomáz puxando-o da Lambretta e outros dois a pegaram e jogaram ambos para dentro da perua. Tomáz quis gritar, não o conseguindo devido ao violento soco que tomou na boca do estômago. Tudo ficou escuro, o ar faltou-lhe nos pulmões e ele nada mais viu.

Primeiro sentiu um gosto estranho na boca. Tentou sentir o que era. Não o conseguiu. Depois tentou abrir os lhos. A dor de cabeça era intensa. Quando recobrou mesmo os sentidos viu que estava amordaçado. Tentou mexer os braços e sentiu seus pulsos doerem; percebeu que estava atados por um cordão fino que lhe machucava a pele; as pernas estavam abertas e ele sentiu que estava sentado em algo até certo ponto macio, Reconheceu o assento de sua Lambretta. O que estava acontecendo? Um terror tomou conta de seu ser.

Tiraram-lhe a fita que lhe vedava os olhos. Então ele ficou horrorizado. Estava realmente em seu veículo. Seus punhos amarrados o prendiam ao banco e seus tornozelos a calenagem da moto. Esta estava no tripé. A Lambretta estava atravessada no meio da rua. Um caminhão, com o motor ligado, distante uns 150 a 200 metros dele era algo muito ameaçador e não deixava dúvidas sobre as intenções daquelas pessoas.

O caminhão deu duas aceleradas. Tomáz arregalou seus olhos. Procurou Sr. Amadeu, Não o viu. O caminhão acelerou novamente. Tomáz tentou desvencilhar-se das cordas. Tentou gritar clamando por misericórdia e perdão. O caminhão começou a rodar. Afastou-se uns 10 metros. Tomáz balançava a Lambretta. Esta estava com o tripé fincado no chão. O caminhão voltou a rodar, desta vez para frente, motor acelerado, velocidade aumentando. Tomáz gritava desesperadamente; ouviam-se apenas sussurros. O caminhão se aproximava ganhando velocidade. Tomáz fechou os olhos.

Nada mais viu; nada mais sentiu; nada mais pensou.

O motorista ainda engatou uma marcha-ré e passou por cima da moto e do motoqueiro mais uma vez.

Os auxiliares retiram no meio da carne moída os restos de cordas, mordaça, tapa-olhos, enquanto o Sr. Amadeu corria avisar a polícia sobre o horrível acidente que presenciara na estrada para a Água Limpa, entre um motoqueiro imprudente e um caminhão carregado com pedras de Granito.

OITO

Márcio e Mércia acabavam de chegar em casa quando souberam, por intermédio de Iara que lhes telefonara, da morte de Tomáz. Lamentável acidente.

A família do falecido residia na Rua D. Pedro I, nos fundos do salão de costura de D. Guiomar. A aglomeração pública era muito grande. Todos consternados e incrédulos quanto ao acidente. Tomáz nunca havia sido um corredor irresponsável.

A urna, por ordem médica, permaneceu lacrada. Ninguém pode ver o corpo, tal o estado lamentável do mesmo.

Adalberto saia do meio da multidão quando dele se aproximou Rogério

NOVE

Era uma linda manhã de abril, céu azul, calor ameno o que não era muito peculiar em Araçatuba, tudo propício para ser um desses dias muito felizes e repletos de realizações.

Tudo acertado, bebericaram alguns goles de whisky escocês, outros, vodka russa, outros ainda optaram por um bom "Cuba Libre". Entraram em duas peruas Kombi e saíram em direção ao chamado depósito de mercadorias dos japoneses.

Este ficava em uma chácara às margens da Rodovia Marechal Rondon, entre Araçatuba e Guararapes, lugar aprazível, casa luxuosa, mas pequena tendo uma bem cuidada represa ornamentada por um gramado muito bem cuidado e flores, as mais variadas. Desceram dos veículos, mas não entraram na casa, dirigindo-se para um local mais afastado, um casarão velho, um depósito, com um cômodo só, amplo e pouco higiênico.

Sentadas no chão, amarradas e amordaçadas, seis mulheres orientais. Mais afastado, uma outra, nua, os punhos e os tornozelos amarrados entre dois troncos grossos, bem abertos, formando um "X". Estava também amordaçada e olhar aterrorizado.

Os brasileiros, comandados pelo Dr. Wladimir, passaram pelas meninas que estavam no chão observando-as com olhares bem curiosos. Perceberam que um mal cheiro exalava delas, cujos olhares apavorados os acompanhavam. Dr. Wladimir demonstrou aos nipônicos que estava sentindo o odor desagradável. Um deles, talvez o mais forte, aproximou-se de uma, agarrou-a pelo braço, levantou-a, colocou-a de costas para todos, subiu-lhe a saia imunda e mostrou uma calcinha cheia de fezes e que já, meio seca, esparramava-se pela região glútea. Na frente, a marca da urina derramada na mesma. As cochas estavam sujas desta horripilante mistura.

Explicou o intérprete de que elas estavam isoladas de todos desde o Japão e que por uma questão de segurança não foram soltas um momento sequer. Portanto haviam defecado e urinado nas próprias roupas. Inclusive a que estava entre os postes e que esta havia sido lavada para servir como demonstração.

Um dos japoneses dirigiu-se às prisioneiras e falou rispidamente com todas elas. Esbravejou, gesticulou muito, apontou para aquela entre os troncos e até chutou os pés de uma delas. Ao terminar, olhou para o intérprete e este, perguntando se aprovara o lote e sendo afirmativa a resposta, pediu ao Dr. Wladimir que demonstrasse naquela entre os postes como agia com quem o desobedecesse. Dr. Wladimir sadicamente sorriu, olhou para a prisioneira e aproximou-se da mesma.

Quinze chibatadas com rebenque de três pontas, queimaduras dos seios com cigarro, penetração vaginal e anal com grossos dildos, muitos socos e tapas no rosto.

E voltando para seus asseclas:

O Gerente do Escritório se apressou em abrir uma pasta contendo várias cédulas de dólares. Era o pagamento pelas escravas brancas nipônicas.

As cédulas foram depositadas em cima de uma pequena mesa e contadas, uma a uma, obtendo-se o resultado esperado.

Dois homens chegaram com uma caixa de madeira lacrada com um cadeado. Aberta, mostrou-se repleta por pacotes de meio quilo da mais pura cocaína. Os japoneses se extasiaram com o aspecto dos pacotes no pequeno container.

O grupo voltou para os carros. Havia um, que já estava na chácara, tipo camburão, onde foram colocadas as moças, inclusive a desfalecida supliciada. As peruas Kombi fizeram o mesmo trajeto para a volta. A fazenda ficava nas proximidades do patrimônio de Água Limpa. Lá o grupo adentrou no DC-3 da Empresa que alçou vôo rumando para os lados do Estado de Mato Grosso.

- Resolveremos um pequeno problema em Andradina, pernoitaremos me Campo Grande e depois seguiremos para o nosso destino final.

DEZ

Márcio, Mércia, Iara, Tereza Cristina, Jonas, Walter, Décio e João Gordo estavam encostados na mureta que separava a piscina olímpica dos salões de restaurante e festas do Clube. Uma mureta coberta com pedras lapidadas vermelhas, pretas e amarelas, com aproximadamente 0,60 cm de altura o que permitia sentar-se nas mesmas, apesar das broncas do Sr. Angelim, responsável pela ala aquática do Clube.

Estavam conversando despreocupadamente e nem se aperceberam da presença de um rapaz encostado próximo a eles. Tereza Cristina comentava:

Neste momento foram interrompidos por um pretinho:

E todos acompanharam o homem baixinho. Foram seguidos pelo rapaz que estivera todo o tempo ao lado deles. Passaram pelo salão do restaurante, subiram para o andar superior, atravessaram todo o salão de danças e adentraram em uma sala pequena, sem mobília e com apenas uma porta. Ao passar por ela, levaram um grande susto.

Estavam em um cômodo bem maior e que dividia a parede lateral com todo o palco do salão de festas; uma grande mesa, com aproximadamente doze ou treze cadeiras estofadas, uma de café e guloseimas ao canto e... o desconhecido... fardado. Ele era um Fabiano.

Lágrimas desceram pelo rosto de Tereza Cristina. O pranto soou alto. E ela se atirou ao encontro do rapaz, enlaçando-o, chorando convulsivamente.

Jonas, alegando sucessivamente: "Sou homem! Sou homem!", também não continha as lágrimas. Diante dele talvez um de seus amigos mais queridos, mais chorados. Juntou-se à Tereza Cristina no abraço ao verdadeiro irmão que julgara perdido para sempre. Depois...

ONZE

Em Andradina, deixaram parte da comitiva e os visitantes aos cuidados dos empregados de Stanislaw Pontes, assecla e gerente da firma naquela cidade e que juntou ao Doutor e Amadeu embarcando em um Cessna 270, quatro lugares, alçando imediatamente vôo em direção à Fazenda São Sebastião, gleba de terras situada entre Andradina e Entre Rios. Após quinze minutos de vôo aterrissaram na Fazenda.

Nem se aproximaram da sede, que por sinal ficava em uma das cabeceiras da pista de grama. Do avião embarcaram em uma perua Chevrolet e, entrando em uma estrada aberta pelos próprios pneus dos carros que ali transitavam, dirigiram-se ao retiro denominado de Timboré, nome do córrego que abastecia o local.

Havia uma casa feita com grossas madeiras na sustentação, paredes de barro e ripas de bambu. A cobertura feita com telhas francesas. Nela morava mais um membro filiado à Máfia, o chamado Demóstenes. Ou melhor, Maizena. Preto alto, forte, careca, bigode e sobrancelhas finas, pescoço imperceptível. Dificilmente sorria. Risos? Só sádicos, quando satisfeitos seus instintos.

Recebidos no próprio carro, desceram e se dirigiram para a pequena represa formada pelo controle da evasão d'água do Timboré. Atravessaram pela parte cimentada das paredes do tanque e embrenharam na mata percorrendo uma estreita trilha que os obrigava andar em fila indiana. Observaram várias bifurcações pelo caminho, explicadas por Maizena como "eliminadoras de intrometidos". E deveria ser verdade, pois quem se perdesse naquela mata poder-se-ia considerar eliminado por animais selvagens, ou pelas armadilhas esparramadas pelos bandidos.

Chegaram a um rancho em meio a uma pequena clareira. Constituía-se apenas de um cômodo, feito de pau a pique e coberto com folhas de babaçu. Devido à altura das árvores passava despercebido se porventura houvesse um vôo por cima daquele local. Explicou Maizena que ali não era rota de nenhum avião convencional. Qualquer vôo mais insistente seria suspeito e, portanto, derrubada a aeronave.

O motivo da movimentação de todo o grupo encontrava-se ali, bem perto das árvores, mas de forma que não era beneficiada pela sombra das mesmas. Em um cruz, estava amarrada uma moça, praticamente desfalecida, suja, boca seca e olhos vidrados.

A moça havia sido tirada da cruz.

Carregaram a mulher, meio arrastada, meio suspensa, até a represa e sem nenhuma cerimônia a jogaram dentro d'água. Giovanni pulou junto, pois não a queria perder de vista, nem permitir que se afogasse. A mulher, ao receber o choque da água fria, estremeceu e começou a debater-se. Ao chegar à tona, soltou um berro de desespero. Quase havia sufocado.

Ela quis relutar, mas teve sua cabeça mergulhada n'água sendo obrigada a engolir grandes goles do líquido. Giovanni a pegou pelos cabelos e a arrastou até a margem, sendo ela puxada pelos demais.

No rancho, após amarrarem-na em uma rústica cadeira, Maizena puxou seu pênis para fora da calça e começou a se masturbar. Frederico entendendo as intenções do negrão sugeriu a Giovanni e a Pedro que fizessem o mesmo, enquanto se colocava por trás da mulher, enlaçando-lhe o rosto virando-o para trás deixando a face da infeliz garota para cima. Com a mão direita, forçou-lhe a mandíbula obrigando-a a abrir a boca.

Maizena já estava nos limites do orgasmo. Aproximou o pênis do órgão conservado aberto pelo assecla e jorrou seu líquido para dentro. A vítima tentou se contorcer, mas estava firmemente segura pelo sádico bandido que se deliciava com o tormento da vítima. Ela sentiu o líquido descer goela abaixo e para não ficar sufocada, foi obrigada a engoli-lo. Como um pouco escorreu pelos cantos dos lábios, Maizena recolheu-o com a ponta dos dedos e os enfiou na boca da moça, limpando-os na língua. O mesmo procedimento aconteceu quando Giovanni e Pedro gozaram.

Saiu e logo depois voltou. Trazia na mão esquerda um rato enorme e na direita uma faca. Mandou os comparsas abrirem bem a boca da "criança". Esta percebendo o que lhe iam fazer começou a urrar desesperadamente pedindo que a matassem.

Maizena colocou o animal sobre a mesa e decepou-lhe a cabeça. Rapidamente despejou o sangue na boca da desgraçada. Esta engasgou, tossiu, engoliu um bocado, puxava o ar desesperadamente. Ao voltar a respirar normalmente, recebeu o rato em sua boca. Como o algoz não conseguia faze-lo descer inteiro pela garganta da moça, começou a dilacerar o rato em pedaços menores que, forçados com seus dedos fortes, quebravam-se e as partes menores eram engolidas pela supliciada.

Pegaram uma vasilha de vidro, urinaram nela e depois fizeram a mulher, praticamente desfalecida, beber todo o conteúdo do frasco. Terminado o processo de alimentação chamaram o Dr. Wladimir para lhe entregar a vítima.

Quase uma hora depois, tempo gasto com piadas, causos e outras amenidades, desatada da cadeira, a mulher foi colocada em pé. Ia cair quando foi amparada por Giovanni enquanto Frederico lhe aplicava sonora bofetada na cara. A moça foi obrigada a cambalear até o quintal do rancho. Ela mais parecia um autômato.

Seguindo as ordens do Dr. Wladimir ela foi colocada novamente na cruz. Desta vez não foi amarrada. Suas mãos e seus pés foram transpassados por grossos pregos, próprios para moirões de porteira. Seus tornozelos e seus pulsos foram atados ao lenho com arame farpado, bem como suas cochas, braços e seios.

Inesperadamente ouviram um sussurro quase inteligível:

Todos riram!

DOZE

Todos os jovens estavam sisudos, preocupados, dir-se-ia aterrorizados. Nunca poderiam imaginar-se ameaçados por alguém ou por alguma coisa. Não tinham inimizades, tão somente desavenças com outros adolescentes motivadas por namoricos, disputas esportivas, posicionamentos em sala de aula, etc., nada mais grave. E agora lhes apareciam policiais da Inteligência Brasileira dizendo-lhes ameaçados? Duvidavam...

- A coisa é mais pérfida do que vocês possam imaginar. – falava o Coronel Adalberto. – Estou contrariando instruções do Rogério que preferia mantê-los longe da verdade evitando assim preocupações. Só que, no meu modo de pensar, vocês estariam muito mais expostos e poderiam inclusive prejudicar outras pessoas graças à displicência natural do jovem não acostumado com situações de opressão. Querem um exemplo? Corte Real, use o gravador.

O militar tirou um pequeno aparelho do bolso, uma caixinha quadrada com uma tampa acrílica e uma parte metálica semelhante a um pequeno alto-falante, destes usados nos rádios portáteis, como os da Hitashi. Levantou a tampa e inseriu uma peça pequena encaixando-a em duas pequenas hastes plásticas. Fechou, acionou uma tecla então se ouviu uma voz muito conhecida e que dizia:

" Meu pai nos contou ontem no jantar que o dono desta tal de Aliança, é riquíssimo e nunca aparece em público. Somente seus "testas de ferro". Diz meu pai que é uma empresa que movimenta altas somas de dinheiro.".

Os olhos de todos estavam quase saindo das órbitas. A incredulidade era até certo ponto hilária, isto pelas caras apalermadas dos rapazes.

Ligou a TV que imediatamente acendeu o tubo de imagem; introduziu o que chamou de fita VHS no tal vídeo-cassete, ligou-o e... Surpresa! Eles estavam na tela da televisão, mais precisamente Mércia e Tereza Cristina, focadas de todos os ângulos e de todas as maneiras. Na praça, na entrada de suas casas e, principalmente e mais demoradamente, na piscina, sendo seus corpos destacados de todas as formas e suas nádegas, seios, cochas e pés filmados em close.

Pasma, Mércia estava com as duas mãos como a esconder suas faces rubras. Tereza Cristina chorava, soluçando descompassadamente. Todos olhavam incrédulos para a tela. Como tudo aquilo acontecera sem eles notarem nada? Eles não haviam visto nenhum homem perto deles em atitude suspeita ou portando qualquer coisa. Como eles conseguiram aquelas imagens? E de tão perto?

Mércia estava estática, gelada, como se nada visse e nada ouvisse. Seu mutismo era sinônimo de desespero. Alguém a espiara, fotografara de maneira pornográfica, aviltante, agressiva. E o pior: sem seu consentimento.

Capitão Rogério Cardoso começou a contar a real história da fita:

O sarcasmo da última afirmação serviu para amainar um pouco o ambiente. Houve até alguns ligeiros sorrisos.

Márcio não percebeu o olhar de desconfiança que ficou no ar.

TREZE

Haviam dormido em um Hotel de alta classe, luxuosíssimo, o Continental Palace Hotel. Os apartamentos, antecipadamente reservados, separaram naturalmente os grupos. No 10º andar ficaram os brasileiros; no 11º, os japoneses. Era o que havia de melhor em Campo Grande, Mt.

Logo que amanheceu tomaram o farto café da manhã servido pelo hotel. Pegaram alguns táxis e, no aeroporto, embarcaram no mesmo avião que os trouxera até ali.

Durante a viagem, conforme prometera, Dr. Wladimie explicou quais eram os programas especiais que faziam com as japonesas.

Depois de aproximadamente três horas de viagem, aterrissaram em uma pista não pavimentada, no meio de uma densa mata virgem. Três peruas "Willys" os aguardavam a certa distância. Sem ninguém pronunciar uma só palavra, adentram nos veículos e estes se movimentaram por uma estreita trilha que parecia ter sido traçada na largura exata dos veículos.

As cabanas eram feitas de madeira em uma clareira onde nada mais existia do que elas. Em um sobrevôo dificilmente alguém as perceberia, pois o telhado era feito com pedaços de tábuas velhas o que confundiria uma visão do alto. Eram umas três pequenas construções, uma delas sem nenhuma janela. E nesta estava a mercadoria.

Quatro moças: três loiras e uma morena. Todas visivelmente adolescentes, desconfiadas, amedrontadas e cansadas. Ao avistarem os visitantes que adentravam na pequena sala, um dos dois cômodos que compunham a casa, uma delas, criando coragem, dirigiu-se até um dos homens que acompanhavam o Dr. Wladimir e perguntou:

Levou um tremendo tapa bem de cheio em sua face esquerda que a fez rodopiar e cair de quatro no chão. Nem teve tempo de raciocinar e sentiu um chute em suas nádegas que a fez deitar-se abruptamente no chão. Tonta, ainda recebeu um chute nas costelas que quase se partiu com o bico do sapato. Ao virar-se, acabou desmaiando com o pesado pé que lhe atingiu a boca do estômago. Nada mais viu e nem ouviu o Dr. Wladimir que dizia:

Todas, horrorizadas com o que haviam presenciado, calaram-se, abraçando-se umas às outras. Entendiam que haviam entrado em uma enorme encrenca e que não tinha volta. Se reclamassem morreriam, apesar de ponderarem qual seria melhor prosseguir ou morrer. Optaram pela primeira, pois prosseguindo teriam alguma chance de escapar e delatar aquele horripilante negócio.

Foi bruscamente interrompida. Um violento soco desferido por um grandalhão em suas costas, a projetou para o chão. A dor era lancinante e o fôlego curto.

A garota levantou-se vagarosamente, com dificuldades para respirar, tentando suportar a dor. Desabotoou aa primeira casa. E ia fazer o mesmo com a segunda quando recebeu a ordem para ir bem devagar. E assim continuou até retirar a blusa e ficar apenas de sutiã e saia. Seguindo as ordens emanadas do Chefão brasileiro, descalçou o sapato do pé direito e depois o do esquerdo. Retirou a saia, ficando de sutiã e calcinha. O seu corpo de adolescente era bem escultural para a sua idade. A pele era bronzeada naturalmente pelo sol goiano. Retirou o sutiã e seus seios cheios e duros ficaram empinados com as pequenas tetas apontando para frente. O êxtase dos espectadores aconteceu quando ela baixou a calcinha e as suas nádegas bem moldadas, carnudas ficaram à mostra.

Sr. Fuzio, um gordinho suado e atarantado, levantou-se esbaforido, pulou para a garota, empurrou-a até a parede, ajoelhou-se e passou a mordiscar as nádegas e a lamber o ânus da garota que tentava desesperadamente desvencilhar-se. A moça recebeu ordens peremptórias para ficar calada e quieta. Os japoneses riam da sofreguidão do colega.

Este, descendo as calças, levantou-se, pegou a moça pelos cabelos, fê-la prostrar-se de joelhos e praticar sexo oral. Ela relutou, mas uma chicotada nas nádegas a obrigou as se sujeitar ao martírio. O homem era sádico. Houve momentos que enfiou todo o seu sexo pela boca da miserável que engasgava, tinha ânsias de vômito e recebia dolorida chicotada a cada sinal de repulsa. Isso durou até que, após longos minutos, ele teve um orgasmo e jorrou seu líquido, garganta abaixo da desgraçada. Os espectadores aplaudiram a atuação do maníaco.

Com a boca toda lambuzada até queixo pelo esperma que não conseguira engolir, viu-se obrigada a atender um por um dos visitantes, que, seguindo o exemplo do primeiro, sentiram-se no direito de seres saciados pela vítima. Permaneceram sentados em suas poltronas e ela percorreu todas elas, satisfazendo a cada um até que gozassem em sua boca.

As outras três moças que a tudo assistiram e ficaram aterradas com o seu destino, foram distribuídas entre os japoneses. Cada uma atenderia um apartamento e ficaria a disposição dos três ou quatro japoneses que ali se agrupariam. E ai delas se alguma desse "chilique". Todas pagariam pelo erro de uma.

As quatro foram retiradas da sala pelos capangas de Wladimir que ficara para acabar de acertar o negócio fechado. Os japoneses aceitaram satisfeitos as "mercadorias" e pagaram em dólares americanos.

O grupo se desfez.

QUATORZE

Foram dias de tensão extrema. Insônia, aulas difíceis, alienação total aos conteúdos ensinados, alimentação desagradável, forçada. Os pais preocupados com as mudanças verificadas em seus filhos, antes extrovertidos, agora arredios, calados, caseiros. Questionavam obtendo respostas evasivas. Observavam um interesse exagerado de seus filhos pelos noticiários policiais. Os colegas haviam desaparecido.

Naquele domingo, Mércia estava mais do que entediada. Levantara às 8hs, demorara na assepsia matinal, vestiu sua bermuda branca combinando–a com a blusa vermelha. Sentara na sala, procurou a mesa do café da manhã, nada comeu. Voltou para a sala, sentiu-se sufocada, foi para o quarto, nada a fazer e nem em que pensar. Resmungou: "Fico louca!". Voltou para a cozinha, observou sua mãe picando uma couve, achou o cheiro enjoativo. Percebeu que o pai saíra, pois as chaves do carro não estavam no lugar. O quarto do Márcio estava vazio e, como sempre, desarrumado. Sem coragem para arrumá-lo, foi para o seu quarto. Vestiu uma calça jeans índigo blue clara, e, por uma destas ironias do destino, pôs sem perceber uma camiseta com mangas curtas e escrito na altura do tórax: "Sou feliz". Calçou meias soquetes e tênis branco da Clark. Amarrou seu cabelo no estilo chamado "Rabo de Cavalo", arrumou a franja e saiu.

Subiu em direção à Praça do Araçatuba Clube. Andava cabisbaixa, de vez em quando dando algumas distraídas olhadas para os lados. Ao chegar na esquina com a Rua Carlos Gomes, levou um susto. Um Simca Tufão, cor preta, estacionou bem à sua frente, impedindo-a de atravessar a rua. Seu coração disparou e ela ficou paralisada, numa inércia de horror.

A porta do motorista abriu e de dentro do veículo apareceu o Coronel Adalberto olhando-a com muita atenção e preocupação começando a rodear o veículo. Mércia, reconhecendo-o, começou a soluçar alto. O militar apressou o passo e a envolveu em um abraço. Mércia apoiada em seu peito chorava copiosamente.

Ficaram assim por um bom tempo. Mércia foi se acalmando, diminuiu o choro. Agora apenas soluçava. Afastou sua cabeça do peito de Adalberto e o fitou com os olhos banhados em lágrimas.

Mércia não respondeu. Voltou a encostar a cabeça contra o peito do rapaz. Ainda soluçava. Passado mais um pouco ela apenas disse: "Vamos!", numa voz sumida que veio junto a um outro suspiro.

Entraram no Simca e partiram, subindo a Rua Carlos Gomes até chegarem à Praça Getúlio Vargas, contornando-a, adentrando e percorrendo a Rua Cussy de Almeida. Na Av. Pereira Barreto dobraram à esquerda e a seguiram enveredando pela Av. Brasília, rumo ao Jardim Nova Iorque.

Chegando na represa do Córrego Machadinho, repleta de banhistas aproveitando a gostosa e ensolarada manhã de domingo, Adalberto estacionou o Simca. Até aquele momento o silêncio dentro do carro havia sido sepulcral.

A resposta foi um meigo e agradecido sorriso.

Na realidade ele não queria é que ela visse os olhos marejados pelas lágrimas. Afinal, ele era homem!

QUINZE

O apopléctico Chefe sorveu a bebida em um só gole. Recostou-se na poltrona e caiu em um mutismo que só serviu para apavorar os demais passageiros da aeronave, todos pertencentes à sua comitiva. Pediu um outro drinque. Sorveu-o pela mesma forma. Após o quarto ou quinto copo, deixou transparecer que adormecera. Todos se sentaram e procuraram raciocinar sobre o que teria acontecido naquela malfadada Casa da Alfândega.

O irado Dr. Wladimir, na realidade, nada dormiu. Manteve os olhos fechados no afã de ouvir algum comentário mais comprometedor de um de seus asseclas, ou uma possível indicação do responsável, ou responsáveis, pelo ultraje sofrido. O pior foi ter sido chamado de "gangsterzinho brasileiro".

Ligeiros cochilos; sobressaltos; ira aumentando. Assim transcorreu a viagem para o Dr. Wladimir. Num desses cochilos foi acordado por Amadeu dizendo-lhe:

A aeronave taxiou e, mal a escada foi encostada e a porta aberta, o homem e seus asseclas saíram apressadamente entrando em um Chevrolet Chevy muito conservado e equipado. Tão ansioso estava o marginal que nem apreciou as maravilhas do Rio que se descortinavam pelo trajeto. E olhe que atravessaram toda a cidade. Chegaram em uma chácara localizada nos arredores do Gastão Vidigal, toda murada, cerca eletrificada, e homens fortíssimos fazendo-lhe a guarda. Ninguém entraria ou sairia dali sem permissão dos proprietários.

Desceram do carro e adentraram na mansão-sobrado, estilo medieval, com um ar muito sinistro, mais propícia para filmes de terror. Já no salão térreo - o principal da casa - os esperavam os anfitriões, Eduardo e Marly, bem como, vários capangas, muito bem armados. Todos formavam um semicírculo e no meio, quatro homens, todos vestidos de preto.

Dr. Wladimir estendeu-lhes também a mão direita só que esta portava uma Beretta 357 que disparou duas vezes, acertando a testa, primeiro do homem e depois da mulher, caindo ambos fulminados. As metralhadoras dos viajantes impediram qualquer ação dos que estavam na casa. Um mais afoito foi sumariamente executado com duas rajadas, cada uma de uma Uzi diferente.

O mais magro teve destino igual. Apavorado quis se evadir. Foi seguro pelos demais, arrastado até perto de Amadeu que lhe encostou a arma na testa e disparou. Os dois restantes já estavam com os braços presos e muitos bem seguros pelos asseclas do Dr. Wladimir.

- Ponha este aqui ali na mesa. Amarrem-no muito bem. Minha conversa não será nada agradável para este filho de uma puta.

O homem foi preso à mesa por fortes cordas e grossas correntes, deitado com a barriga para cima. O sádico chefe se aproximou, desafivelou o cinto das calças, desabotoou a braguilha, desceu a cueca vermelha, calçou um par de luvas plásticas vermelhas, olhou para o aterrorizado miserável e iniciou o interrogatório.

O carrasco pegou o pênis do homem com a mão esquerda e com a direita começou a enfiar pelo canal da uretra um grosso fio de arame farpado. A vítima urrou tão alto que um dos bandidos tampou sua boca com uma meia suja que acabara de tirar do próprio pé. O arame foi lentamente retirado do pênis.

Repetida a pergunta. Balanço tresloucado de negação com a cabeça. Novamente o arame farpado introduzido. Desta vez, bem mais profundo. O sangue jorrava do membro sexual. Movimentos retorciam o arame dentro do órgão do desgraçado. Este desmaiou!

Voltaram-se para o outro. Este já estava preso com o corpo nu na parede da sala. Seus braços e suas pernas formavam um "X". Quando argüido pelo carrasco também respondeu que somente os homens da Alfândega tiveram acesso ao recinto. Um grosso dildo, enrolado em arame farpado foi violentamente introduzido e retorcido pelo ânus do pobre coitado que urrou, movimentou-se desesperadamente, desmaiando após alguns minutos da horrível tortura.

DEZESSEIS

Ao chegarem na porta da casa de Mércia, seus pais estavam no portão, olhando para todos os lados. Demonstravam claramente seu nervosismo. Soltaram gritos de alívio quando viram a filha chegar no carro.

Mércia, que assistira a todo o diálogo, ficou pasma diante da familiaridade entre seu pai e o Coronel. Impressionava-a cada vez mais os mistérios que envolviam aquele rapaz. E atendendo ao pedido do anfitrião, nem entrou na casa. Voltaram para o carro e partiram após entusiásticas despedidas entre os dois, aparentemente, antigos amigos.

A garota fez todo o trajeto sem proferir uma só palavra. Estava muito distante. Como seu pai conhecia aquele moço? Afinal, que firma era esta a que se referira seu pai? E o que Adalberto era desta firma? Ia tão distraída que nem percebia os olhares do rapaz em sua direção e ligeiros sorrisos. Estacionaram o veículo na Rua Oswaldo Cruz, atravessaram-na e adentraram no corredor que os levava ao salão principal da Cantina.

Escolheram uma mesa mais afastada e sentaram, um de frente para o outro. Mércia percorreu o ambiente quase vazio. O garçom aproximou-se com o cardápio.

DEZESSETE

A ordem foi dada por rádio. O tom peremptório da comunicação não deixava dúvidas da ira dos chefes e da necessidade de se demonstrar precisão e resultados concretos. Tinham que descobrir e identificar qualquer pessoa estranha que por ventura encontrassem na cidade..

Começou então uma movimentação de carros naquele domingo que ultrapassava e muito a normalidade de um dia de descanso. Belairs cruzavam uns com outros freqüentemente; DKW Vemags e Vemaguetes aceleravam pelas ruas e avenidas como a caçar alguma coisa. Sempre ocupados por três pessoas e uma delas munida de um binóculo, que usava de vez em quando. O que não se percebia era a intensa rádio-comunicação entre os carros e a sede da Aliança.

Ainda no avião que conduzia Dr. Wladimir e seus asseclas de volta para Araçatuba:

Amadeu saiu lívido! Ele era a segunda pessoa na Organização e havia sido ameaçado e humilhado pelo Doutor na presença de outros membros menos importantes. Ele nunca deveria ser tratado daquela forma. Afinal, ele se dedicava de corpo e alma para satisfazer todas as exigências dos negócios, como neste pleno domingo. Não! O Doutor não devia trata-lo daquela maneira. Viu-se na cabine da aeronave. Pegou o rádio e após passar o recado para o fotógrafo, irado, cumpriu as determinações do chefe. Através da Central de Comunicação conectada diretamente com o avião, falou diretamente com os carros patrulhas:

Um carro patrulha abordou o Simca Tufão bem na Rua Marechal Deodoro, nas proximidades da Rua Duque de Caxias, quase na porta da loja "Irmãos Bérgamo", mesmo prédio onde funcionava a Rádio Difusora de Ataçatuba. A sirene soou duas vezes, o Simca imediatamente encostou fazendo-o o mesmo a patrulha. Dois soldados desceram e se aproximaram; um terceiro se postou, mão direita no coldre, procurando proteger-se na parte traseira do carro patrulha; um quarto homem fardado permaneceu no banco de trás do veículo.

Entrou no Simca, lentamente começou a colocar seus documentos na carteira, o olhar sempre fixo no retrovisor externo do carro, até que a Patrulha se locomoveu.

Mércia percebeu que algo de errado estava acontecendo. Por que não lhe pediram os documentos também? Apenas pensou e Adalberto lhe deu a resposta.

Quando Mércia voltou a olhar, um homem apareceu na janela olhando para todos os lados, espreguiçou-se e saiu novamente. Ela percebeu um fino cano preto no canto da janela.

DEZOITO

Após efetuarem a terceira chamada, os operadores ligaram para o Dr. Wladimir, que havia acabado de chegar na cidade.

Nos arredores da cidade, uma estranha e intensa movimentação.

Eram três os ocupantes do tal Carro 35 e neste momento, em uma certa chácara, estavam amarrados em cadeiras diante de cinco ou seis mascarados, fardados com roupas do Exército, sem oferecer nenhuma possibilidade para uma identificação.

"As encomendas", atordoadas, sabiam que estavam na seguinte condição: "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come."; se dali escapassem, estariam em papos de aranhas com a chefia da organização.

Um dos supostos militares, o mais alto, aproximou-se dos homens amordaçados e falou, com uma voz muito grossa e forte:

Na cidade:

Mércia já estava no portão, acompanhada pela mãe, quando Adalberto chegou. Ela vestia uma bermuda jeans, camiseta azul clara e sandálias de dedo, próprias para os banhos de piscina. Percebia-se por baixo da blusa os contornos do maiô que vestia.

O carro partiu numa arrancada bem veloz. Pararam no Clube. Tereza estava na porta de entrada para a piscina aguardando-a, conforme haviam combinado. Intimada, ou melhor, arrastada ao invés de convidada, brigando, entrou pela porta traseira do Tufão.

Contornaram a Praça 19 de fevereiro, subiram a Carlos Gomes, seguiram a Cussy de Almeida em direção à Rodovia Marechal Rondon, por onde viajaram uns 15 quilômetros, entrando em uma estrada vicinal. Adalberto não disse uma só palavra no trajeto e nem respondeu às provocações de Tereza Cristina. Mércia começou a sentir um friozinho na barriga, adivinhando que algo muito grave iria acontecer e demonstrou isto para a amiga Tê.

Chegaram em uma propriedade toda fechada com cerca de arame farpado e com a porteira trancada. Adalberto parou o carro. De repente surgiram três homens nas laterais, saindo como do nada, todos fortemente armados e encapuzados. As meninas, assustadas, gritaram e tentaram sair do carro, no que foram contidas pelo Coronel.

As duas silenciaram. Os homens observaram os ocupantes, destrancaram o cadeado e abriram a porteira. O carro avançou até uma estrada de descida íngreme e com pedras. Chegaram em um rancho de madeira e cobertura de folhas de babaçu. Mais acima, no meio de um arvoredo, uma casa de alvenaria. Dirigiram-se para lá. Mércia e Tereza Cristina, desconfiadas daquele lugar, acompanhavam o mutismo do Coronel.

Ao adentrarem na casa a surpresa para elas: estavam lá, vestidos com fardas do Exército: um desconhecido, depois identificado como Tenente João de Souza, Renato e Rogério que com o dedo nos lábios pediu-lhes silêncio total.

Adalberto vestira, por cima da própria roupa, uma farda semelhante à de Rogério. Gaguejando mais do que nunca, entrou no quarto de onde saíram três outros soldados fardados, sendo eles na realidade Carlos Nascimento, Otelo e Corte Real.

Lá dentro ouviam-se palavrões, tapas, choros. Mércia ficou assustada.Tereza, apavorada. Olharam para Rogério demonstrando medo. Rogério as abraçou paternalmente e as levou para o carro de onde, mesmo assim, ainda se ouviam os tapas e os gritos. Pedindo que ficassem calmas dentro do veículo, o militar retornou para a casa.

De repente, tudo cessou! O silêncio era total. Apreensivas, vasculharam o terreno sem ver ninguém. Mércia arriscou sair do carro. Ia chamar Tereza para irem até a casa, quando Adalberto surgiu na porta, sorrindo, como se nada tivesse acontecido.

Entreabriu a porta e lhes mostrou os homens amarrados nas cadeiras, amordaçados e com os olhos vendados. Uma toalha cobria-lhes os órgãos genitais, já que estavam completamente nus. Via-se nitidamente o sinal do espancamento. O Coronel fechou a porta e retirou as meninas da sala. No quintal, já distante da casa, explicou:

DEZENOVE

Era aproximadamente 17hs45min, quando um Impala azul encostou-se ao portão da casa de Mércia. Com o ligeiro toque da buzina, ela apareceu na porta. Ligeira comoção ao estranhar o carro, mas se acalmando a seguir ao reconhecer o motorista.

A casa tinha dois pavimentos. No térreo, depósitos de peças da distribuidora de carros, dispensa da residência, lavanderia, dependências para empregados e uma área coberta, ao fundo, pela laje do andar superior; neste, a residência da família: quatro quartos sendo dois suítes, sala de estar, sala de jantar, uma espaçosa cozinha, banheiro social e, na frente, um alpendre, no cumprimento da sala de visitas; dela saia uma escada e era em seu início que neste momento estava Mércia.

Linda! Simplesmente linda! Cabelos soltos batendo-lhe nos ombros, vestido em tom cinza muito leve, deixando os ombros da moça desnudos pelo decote em meia lua, sendo a saia ligeiramente rodada, com um mimoso cinto, quase imperceptível. Calçava sandálias abertas, tiras cinzas finas e salto alto. Sua maquilagem era bem discreta, muito próxima do natural, com os lábios em tom rosa claro, o que mais se destacava.

Adalberto, que saíra do carro, abriu-lhe o portão recebendo um singelo sorriso como agradecimento. Correu para abrir a porta do carro. Novo sorriso. Deu a volta pela frente e assumiu o seu lugar ao volante.

Não se precisa explicar que "haviam" antecipadamente sugerido a Perceu, Presidente do Clube, esta possibilidade e este a providenciou com a parceria dos garçons e do Maitre, Seu Agenor, antecipando suas chegadas para as 18 horas, o que não era comum. Logicamente a recompensa seria bem gorda.

No Clube, Adalberto procurou sentar-se na mesa que ficava mais ao fundo, com visão ampla do salão e da entrada deste para que tivesse total conhecimento de quem entrasse quando os freqüentadores do Clube começassem a chegar...

Mércia sentou-se, "sem querer", numa cadeira bem próxima à do Coronel, ficando os dois "coincidentemente" lado a lado. Como "premier" Wilma Bentivegna, interpretando "Hino ao Amor". Casualidade? Certamente!

Não terminou a frase. Mércia aproximou-se dele e lhe deu um meigo beijo na face.

Imediatamente ele se voltou e ambos ficaram de frente um pro outro. Trocaram olhares fixos, olhos nos olhos.

Mércia o abraçou, colou sua face na dele. Lágrimas teimavam em banhar seus olhos.

Adalberto a afastou um pouco para logo a seguir se aproximar vagarosamente, pôr suas mãos nas faces dela e roçar levemente seus lábios nos dela. Mércia cerrou os olhes e retribuiu aquele momento sublime. Afastou-se por momentos. Atirou-se novamente em seus ombros, olhos fechados e sorriso de felicidade. Adalberto a puxou e, olhos nos olhos, pensamento de um adentrando o do outro, lábios entreabertos, hálito de um cruzando com o hálito do outro... Beijaram-se e desta vez com toda a intensidade permitida pelo amor. Foi longo, compartilhado, degustado, sublime. Afastaram-se, novamente olhos nos olhos, sinceridade, amor, prazer, tudo se misturou no silêncio da felicidade.

Acomodaram-se em suas cadeiras e Mércia deixou a cabeça encostada no ombro de Adalberto enlaçada pelo braço esquerdo deste.

E o momento perdurou: "Besame Mucho" (Connie Francis), Ave Maria dos namorados (Altemar Dutra), Love-me tender (Elvis Presley), A noite de meu bem (Maysa), Five hundred miles (Peter, Paul and Mary) e tantas outras, encantando cada vez mais as almas dos apaixonados.

Depois, sentindo-se sozinhos no salão apesar de outros pares, ora com os rostos colados, ora Mércia recostada no ombro do rapaz, dançaram ao som de Billy Vaughn, Severino Araújo, Românticos de Cuba, Simonetti, Ray Conniff, com músicas instrumentais românticas ao extremo.

De repente!

VINTE

O burburinho era intenso. Carros chegavam; carros saiam. Dois aviões Cessna 140 pousaram quase que simultaneamente na pista gramada. Homens entravam e saiam da casa, apressados, como se estivessem se preparando para algo muito urgente. Outros se postavam no telhado do sobrado, armados com metralhadoras, cartucheiras, revólveres, vigilantes, caras fechadas. Espalhados pela extensa área, homens, também armados, afastavam curiosos das proximidades da propriedade. Lá dentro da casa...

Amadeu estranhava a calma nada comum da conversa do chefe. Colocou sua barba de molho. Sabia que algo muito sério viria pela frente. E não demorou muito.

Logo chegava o preto forte e cruel, aquele mesmo do Timboré. A gang estava toda reunida.

Iara se preparava para ir ao Clube. Uma camiseta branca, mangas tipo suspensório, bermuda jeans, sandália de dedo tipo "Havaianas". Na bolsa, seu maiô, pente e creme de bronzear. Ao sair observou que seus pais estavam deitados, possivelmente dormindo, o que a fez sair sem deles se despedir, o que não era muito de seu feitio. Deu mais uma olhada para o quarto, colocou seus óculos escuros, abriu a porta e saiu.

Quando se aproximava da esquina, onde ficava a quadra de tênis de um lado da rua e a sede do Clube do outro, foi abordada por um senhor de meia idade, bigodes largos, calvície acentuada na parte superior do crânio e longos cabelos atrás e nas laterais.

Ao invés de um endereço, Iara leu uma mensagem:

" Não reaja, não se espante e nem diga nada! Há uma arma apontada para você! Olhe uma Kombi de carga estacionada do outro lado da rua! Normalmente, dirija-se para ela e adentre pela porta de trás. Qualquer movimento seu e será finada! Repare também no bolso de nosso amigo e você verá um volume diferente. Experimente correr ou gritar! "

Iara olhou para os lados. Não havia ninguém na rua. Era Domingo. O olhar maldoso do homem a fez se decidir. Passou o braço no dele que a prendeu firmemente. Atravessaram a rua, deram a volta pelo carro e ela foi literalmente empurrada, jogada para dentro.

Imediatamente, quatro mãos a agarraram. Seus braços foram torcidos para trás e os punhos amarrados por finas cordas no braço oposto. Recebeu um chumaço de pano dentro da boca e uma larga tira de pano cobrindo-a, amarrada na nuca. Seus pés foram presos pelos tornozelos e estes ligados aos braços. Uma tira de borracha lhe foi colocada como tapa olhos. Chumaços de algodão tamparam-lhe os ouvidos. Um pano, embebido em algo fétido, lhe foi pressionado contra seu nariz. Tentou se desvencilhar. Foi a última coisa que sentiu.

Quando percebeu alguma coisa, sentiu-se diferente. Estava em lugar escuro. Pensou no tapa olhos. Mexeu as pálpebras. Elas estavam livres. O lugar é que era muito escuro. Suas mãos estavam presas por largas tiras, à frente de seu corpo e ligados aos tornozelos. Ela se movimentou tentando sentar-se. Quando o conseguiu viu-se nua da cintura para cima e sua bermuda, aberta e descida até os joelhos. Horrorizou-se! Pensou ter sido estuprada! Concentrou-se mais, mexeu-se toda. Percebeu que não sentia dor alguma, sinal de que ninguém a tocara. Sentiu-se revoltada por ter sido vista nua, coisa que ninguém o conseguira antes. Mas, onde estaria? Tentou gritar. Ainda estava amordaçada. Tentou raciocinar!

A porta se abriu! Ela estava em um armário embutido bem pequeno! Um preto forte, careca, imenso a observava. Ela ficou simplesmente petrificada.

- Patrão! A mocinha acordou. Pode se servir!

VINTE E UM

Carlos Andrade se aproximou do militar, bem na porta do Clube e lhe sussurrou alguma coisa ao ouvido. Mércia percebeu que algo de muito grave estava acontecendo. Adalberto começou a ficar pálido e mordia o lábio inferior.

- Quando? – questionou o Comandante.

Era uma casa antiga, conservada, pintura antiga, com um muro de 1,50 m de altura e um único portão antiqüíssimo de ferro como entrada; um alpendre de 3 X 2 m no canto direito de quem entrasse dividia a parede com o quarto principal cuja janela com venezianas de madeira ficava na parede que complementava o alpendre. Um grande corredor descoberto acompanhava todo o lado direito da casa; dentro uma sala com uma porta de acesso a mais um quarto em sua parede esquerda, uma grande sala de jantar, com pia, um banheiro com um pequeno lavabo, uma cozinha, muito pequena, uma área diminuta ao fundo. Havia um grande quintal e no muro de trás, um enorme cômodo que serviria como Dispensa ou mesmo um depósito. Situava-se na Rua Christiano Olsen, entre as ruas Duque de Caxias e Torres Homens.

Os carros rodavam fazendo voltas pelos quarteirões deixando um ou dois ocupantes nas imediações da casa. Chegaram: Márcio, Jonas, Tereza Cristina, Mércia, Walter, João Gordo, Décio Mota, Moacir, Milton Ortoloni e Margarida. Todos se cumprimentavam alegres, sempre com piadinhas.

Adalberto percorreu todo o ambiente com um olhar muito perscrutador. Logo de cara ouviu Mércia perguntando:

Todos se olharam espantados. Como não haviam dado falta da morena?

Simultaneamente, Corte Real levantou o polegar para o Coronel dando-lhe o sinal de positivo.

Corte Real ligou o gravador.

Continuava a fita:

Uma cadeira foi chutada e alguém pulou em direção à Mércia, agarrou-a pelo pescoço e mostrou a pistola Beretta encostada na fronte da loira.

Enquanto os oficiais discutiam com a menina, os outros retiravam os demais alunos do salão, vagarosamente e em silêncio absoluto.

Não teve tempo para mais nada. Era uma fração de segundo apenas de que precisavam. Olhara procurando o restante da turma. Estranhara o silêncio. Dois tiros se ouviram. O buraco na testa de Margarida e, o sangue escorrendo transformou-se em um espetáculo dantesco. Instintivamente ela acionou o gatilho. Não detonou a arma. Mércia caiu desfalecida acompanhando os movimentos do corpo moribundo da moça.

Adalberto correu para amparar a sua namorada. Neste instante os alunos correram para dentro do salão. Aterrorizados viram Adalberto com Mércia inerte em seus braços e Margarida caída mais ao fundo.

VINTE E DOIS

Iara foi pega pelos braços e, literalmente, carregada por dois homens de dentro do armário embutido até uma cadeira. Sentada, ela se viu obrigada a permanecer com a cabeça mais ou menos na altura dos joelhos, já que seus punhos estavam ligados aos tornozelos.

Ela percebia o clarão do cômodo, só não identificava ainda se era natural ou artificial. Seus olhos ainda não haviam se acostumado com a claridade. Fechou bem os olhos, protegendo-se da luz e do terror. Ouvia passos, vozes diferentes se alternando, sem identificar quantas eram. Suas costas começaram a doer devido à posição incômoda em que se encontrava.

Viu dois enormes pés calçados parados a sua frente, bem próximo a ela. Devia ser do tal preto que abrira a porta. Os pés, pelo tamanho, só poderiam pertencer a uma pessoa alta e forte. Ficou mais aterrorizada ainda. Sentia o frio desconfortante do horror. Outros dois homens se aproximaram pelos lados e começaram a desatar as fitas. Seus punhos foram liberados, mas seus braços não. Foram agarrados por mãos fortes que a obrigaram a ficar agachada, agora fora da cadeira. Puseram-lhe um capuz preto, grosso, de couro, sem os orifícios dos olhos, levantaram-na e a arrastaram para um local onde teve os punhos atados por algemas e correntes a algum poste ou parede de maneira que ficou com eles em forma de um "X".

Ela tentara evitar, mas as poucas roupas que vestia caíram-lhe aos pés sendo retiradas dali, deixando-a, em pé, e completamente nua. Não se sentia tocada, mas sabia estar sendo olhada, perscrutada, analisada e certamente motivo de desejos e zombarias próprias dos canalhas.

Iara apenas orava. Não queria ouvir o que diziam a seu respeito. Palavras como exportação, representação brasileira, Bebel, nada lhe significava, nada fazia sentido. Estava perplexa com as palavras do cara descrevendo seu corpo que era uma chama só de calor. Nem as dores dos braços espichados e o ralar das algemas lhe incomodavam mais.

Retesou-se toda ao sentir a palma de uma mão a alisar seu seio esquerdo. Tentou se debater, mas os braços e as pernas presas lhe tiravam toda a possibilidade para isso. Quis gritar ao sentir sugarem o seu seio direito. A máscara a impedia como uma mordaça. U'a mão cobriu-lhe a vagina e um dedo alcançou seu ânus.

Iara percebeu pelo barulho de passos se afastando e o barulho da tranca da porta que agora ela estava sozinha com a mulher de fala grossa. Sentiu as mãos da mulher, que deviam ser enormes, tocar-lhe a nuca e desafivelar a máscara, retirando-a. A luz a cegou. Demorou a recobrar a visão. E quando isto aconteceu sentiu um horror maior ainda.

A tal de Bebel era uma mulher monstruosa. Alta, gorda, cara masculina, cabelos pretos e presos em um coque acima da nuca, olhos enormes e pouco repuxados, sobrancelhas grandes e grossas, masculinas se podia dizer, nariz achatado, boca com lábios grossos contornando-a. Seios grossos, chatos, apertados por um sutiã que devia ser enorme. Nádegas largas e grandes. O vestido, tecido preto com bolinhas brancas, descia-lhe até o tornozelo.

A mulher, que molhava um pano em uma pequena bacia, parou repentinamente o que fazia e olhando enviesado e ferozmente para Iara exclamou em um tom de voz baixo:

Iara apavorou-se! Mesmo assim resolveu insistir na que pensava ser sua última chance.

Um violento tapa em sua face direita quase deslocou seu pescoço. De imediato um soco na boca de seu estômago a deixou quase inconsciente e sem fôlego.

Iara, pela primeira vez, vislumbrava o vulto do causador de toda a sua desgraça. Forçou mais a vista e pode ver um homem meio loiro, cabelos curtos, cara retangular, olhos negros, miúdos, sobrancelhas finas, nariz afilado, boca pequena, lábios também finos, pescoço como pomo de adão proeminente. Alto, magro e mãos ossudas. Vestia-se elegantemente com camisa de cambraia branca e calças de poliéster cinza.

Aproximou-se de Iara, pegou-a pela nuca e, sem a menor cerimônia, colou seus lábios nos dela. Iara sentiu repugnância, principalmente quando e mulher forçou a entrada da língua em sua boca. Cerrou os dentes. Sentiu horrível dor no pescoço apertado pelas pontas dos dedos de Bebel. Iara descerrou os dentes e a língua da outra lhe penetrou a boca levando uma saliva gosmenta para dentro dela. Foi um longo beijo, apesar da relutância de Iara.

Ainda segurando-a pelos cabelos obrigou-a a abrir mais ainda a boca e cuspiu dentro dela. Aproveitando que Iara tudo fazia para expelir a gosma, beijou-lhe novamente, desta vez mordendo-lhe a língua e os lábios.

Bebel liberou a boca e desceu lambendo e chupando o pescoço da garota.

Ajoelhou-se e foi lambuzando com cuspe todo o abdome daquele corpo lindo de adolescente, quis penetrar o umbigo. Passou a língua como uma cadela sobre os pelos pequenos da região sexual, e chegou à vagina.

- Por favor, eu sou virgem! Por favor, tenha misericórdia!

A mulher olhava alucinada para a moça, ora mirando seu rosto, ora a vagina. Aproximou-se e começou a chupar o clitóris, lambeu os lábios da vulva, voltou para o clitóris mamando com volúpia. Passava a língua pelas partes internas das cochas de Iara, para logo em seguida mordiscar e mamar no clitóris já inchado da adolescente, que, enojada daquilo tudo, pedia que parasse.

De repente a mulher se afastou, levantou-se, rodeou a garota, novamente ajoelhou-se, forçou com os polegares as laterais do rego anal e encostou a língua bem no ânus, lambendo-o, sugando-o, até que enfiou seu dedo no pequeno orifício. Iara gritou pela dor causada pela penetração. A homossexual retirou o dedo do orifício anal, rodeou Iara e, na sua frente, enfiou o dedo na própria boca e o sugou. Iara quase vomitou.

E a mulher voltou a alisar a pele suada de Iara. Fez questão de absorver com a língua o suor da garota. Pegou o rosto de Iara com as duas mãos e desenfreadamente, alucinada, tornou a encostar seus lábios nos dela soltando cuspe para dentro da boca, mordiscando-lhe os lábios, sugando os seios, até que...

Passados alguns minutos, a megera simplesmente falou:

- Meu amor! Vamos agora torna-la uma rainha para as fotos.

VINTE E TRÊS

Conforme cada um ia saindo, era entusiasticamente recebido pelos familiares, entre gritos, choros, abraços, agradecimentos ao Altíssimo, ao mesmo tempo em que eram assediados pelos poucos repórteres e suas inúmeras perguntas.

O murmurinho somente diminuiu com a saída de uma maca transportando o corpo de Margarida, envolta em um lençol. Houve até um certo constrangimento por parte de todos quando um repórter menos ético e sensível pediu que tirassem o invólucro do corpo para que pudesse fazer uma foto. Evidentemente que não foi atendido pelos policiais que carregavam a maca. O conglomerado de pessoas foi se dispersando aos poucos, até que a Rua Christiano Olsen ficou completamente vazia.

Os policiais, principalmente os oficiais, haviam saído do local, pulando o muro do fundo do quintal e saindo pela casa que dava acesso à Rua Duque de Caxias. Adentraram em uma viatura que partiu velozmente.

Eram 3 horas da madrugada. Na Delegacia de Polícia parecia tudo calmo. Parecia...

Na realidade o grupo do Serviço de Inteligência da Força Aérea Brasileira, o SIFAB, reunia-se em um dos três quartos alugados no terceiro andar do Hotel Gaspar, na Praça Nove de julho, e que ocupava toda a ala do quarteirão, de esquina a esquina, ficando os referidos quartos numa situação em que os oficiais podiam observar a Praça e, principalmente, a Delegacia de Polícia, onde sabiam trabalhar espiões da quadrilha de seqüestradores.

Em um dos quartos, a parafernália de Corte Real e sua eletrônica. Em outro quarto hospedavam-se Tenente Otelo, bem como, Tenente Renato Marzagão, com os materiais usados para cada uma de suas especialidades devidamente arrumados e separados. Em um terceiro, ficava o Capitão Rogério que, de vez em quando, recebia a companhia do Coronel, uma vez que este usava mais a casa pertencente à Fazenda Araçatuba, uma mansão na Rua Carlos Gomes.

A agitação entre os oficiais era muito grande. Cada um corria na preparação de seu material ou no desempenho de sua função, como o caso do Capitão Rogério.

Eram duas mochilas pequenas para serem transportadas na cintura. Cada uma continha: uma metralhadora portátil Uzi, uma pistola Taurus 938, munição em grampos pronta para inserir-se nas respectivas armas, todas com ponta oca, uma faca de caça com ponta serrilhada, uma máscara de lã preta e um par de luvas também pretas.

Os outros se limitaram a esbugalhar os olhos e a ficar mudos.

Acompanhados por um sargento da aeronáutica, estavam parados na porta do quarto uma mulher e dois homens.

VINTE E QUATRO

A bolinação foi natural durante o banho com sais aromáticos na banheira para hidromassagem. O que mais a incomodava eram as algemas apertadas que lhe prendiam os pulsos nas torneiras. A bucha enorme usada para espalhar e espumar o conteúdo aromático da miscelânea de produtos misturados à água lhe confortava pela maciez e por estar lhe dando a sensação gostosa de estar se livrando da baba de Bebel.

Retirada nua da banheira e permanecendo em pé, teve seu corpo enxugado por uma felpuda toalha branca, também manuseada por Bebel. Novas bolinações. Novos afagos sensuais. Insensível Iara imaginava as horas. Era dia? Era noite? Quanto tempo estivera naquelas pilastras? Onde estava? E aquela casa? Parecia velha, pelo menos pelo forro daquele cômodo! Mas, e a banheira de hidromassagem? Que estava nas mãos dos seqüestradores de mulheres, isso não precisava ser muito inteligente para percebe-lo.

De maneira brusca foi colocada em uma poltrona com braços, nos quais seus pulsos foram presos por tiras de couro preto, afiveladas tão apertadas que lhe causavam dores. O secador foi ligado. Barulhento, destes que parecem capacetes de filmes de ficção científica. Bebel sumiu de seu ângulo de visão restrito pelo aparelho de beleza. Nojenta! Como existia pessoa tão porca. Bruta, masculinizada, lembrava bem aquelas megeras dos filmes sobre a Gestapo. Só faltava-lhe o uniforme da organização nazista. Só que os filmes nunca mostraram mulheres alemãs lambendo ou praticando sexo com outras mulheres. Arrepiava-se toda de asco ao lembrar da língua de Bebel dentro der sua boca. "Meu Deus, que coisa mais horripilante, mais nojenta!". Sentiu-se cansada. Quase adormeceu com a monotonia provocada pela constância do alto som do secador.

Seu cabelo ficou muito bonito com um lindo rabo de cavalo e franja, tão em moda entre as adolescentes. Evidentemente que estoicamente suportou aos violentos puxões de seus cabelos em nome de um suposto pente estragado.

Detestou ao ter seu rosto encharcado com "Água Velva", uma loção pós a barba, masculina, mesmo a mulher comentando ser um santo remédio para os poros. E o pior era que havia observado no toucador produtos como: Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder, Batom vermelho bem forte realçando-lhe os finos lábios; Creme C Pond's passado como amaciante, o rouge lhe deu uma coloração mais intensa à pele.

Sentiu-se uma prostituta. E das mais rameiras. Viu-se preparada para o sacrifício sexual em que ela seria imolada. Voltou-lhe o terror. Mais ainda quando viu a megera apreciando o resultado de seu trabalho com um sorriso clássico daquelas que estão se deliciando com a premeditação do imediato sofrimento alheiro.

Foi retirada da poltrona, sendo os seus pulsos algemados, um ao outro. Sentiu-se tremendamente humilhada quando a mulher lhe colocou uma coleira e a puxou pela corrente. Acompanhou-a tropegamente.

Viu-se nua, algemada, no meio de uma grande sala, circundada por vários homens, todos com os olhares cobiçosos e fixos nela. Fechou os olhos. Silêncio total, respirações ofegantes. Ouviu:

A voz era já sua conhecida o que a fez lembrar-se do homem meio loiro que havia lhe "visitado" quando nas estacas e que, logicamente, era o chefe de tudo.

Enquanto isto, Iara posava para as fotos. Foram momentos constrangedores e deprimentes para ela. Foi forçada a ficar em várias posições, mostrar seus órgãos genitais expondo-os de forma bem acintosa, pornográfica. Em pé, agachada, ajoelhada, deitada, abrindo sua vulva e seu ânus, fotografada de longe e em close, com vaselina sintética simbolizando o esperma humano em volta de sua boca. Deu graças a Deus de tudo ser apenas simulação o que atendia às determinações do tal de Chefe. Apavorou-se ao lembrar-se das promessas daquele homem e do que ele lhe reservava para o futuro.

Vestiram-lhe um traje, anos 50, vestido ainda em moda na alta sociedade, premissa de status altíssimo. Era feito em tecido bem leve, todo vermelho, batendo-lhe nas canelas; o decote muito singular e modesto. As mangas chegando aos cotovelos tornavam-no mais sóbrio. Os sapatos vermelhos combinando com o vestido, com salto Luís XV, tornavam lhe os pés mais mimosos.

Pronta Iara assumiu um porte de nobreza. Passou a participar de nova sessão de fotos. Dezenas, centenas, uma infinidade delas. Sentada em uma poltrona nobre; em pé, ao lado de um consoler; perto de uma pintura de Salvador Dali; lendo um exemplar da revista "O Cruzeiro"; estirada displicentemente em um belo sofá aristocrático com veludo vermelho sangue e molduras douradas; muitas, muitas outras fotos.

Terminado o ensaio, Iara voltou, desta vez vestida para a sala cheia de homens. Lá estavam os mesmos. Espere! Faltava o negrão a quem chamavam de Maisena. Apavorou-se!

Iara foi literalmente arrastada e colocada dentro do pequeno armário embutido. Seus punhos foram presos por algemas e correntes a argolas fixas nas paredes laterais do acanhado móvel. Antes de se retirar Bebel não deixou passar a oportunidade. Deu-lhe tremendo soco na boca do estômago e uma bofetada no rosto.

Foi neste exato momento que ouviu a correria e um grito do Patrão. Recuou e se trancou no armário com a prisioneira.

VINTE E CINCO

Mércia trajava um macacão todo preto, mangas compridas, calçava luvas e botas de cano alto, também pretas, e carregava uma valise cujo volume demonstrava estar completamente ocupada; Márcio trajava uniforme igual; o acompanhante deles, pelo contrário, estava todo de branco, com uma camiseta própria para Educação Física, calça de linho 120, tênis branco.

Foram até um outro quarto, entraram e no canto esquerdo da parede do fundo e lateral esquerda, retiraram as tábuas do assoalho e desceram por uma escada de corda, anteriormente fixa em uma travessa presa no teto do andar inferior. Era a dispensa do restaurante do hotel. Foram para os fundos e no quintal, por onde saíram, um a um, e por meios diferentes ou seja: uns pularam muros, outros pelo portão da garagem do hotel, outros ainda pelos telhados das casas visinhas, fora aqueles que displicentemente se dirigiram até à Rodoviária, como se fossem embarcar em algum ônibus àquela hora.

Uns tomaram a XV de Novembro até seu término, local em que uma perua Rural Willys os aguardava; outros contornaram a Rodoviária e na Rua Aquidaban entraram em outro veículo que também entrou pela XV de Novembro indo até o seu final, fazendo o mesmo roteiro da anterior: desceram até o pontilhão da NOB, subiram a Princesa Isabel, adentraram na Marechal Deodoro por onde atingiram a Rodovia Marechal Rondon, passando evidentemente pela Vila Nova. No toal eram três carros, partindo de lugares distintos, mas com o mesmo destino inicial: o trevo da Rodovia Marechal Rondon. Dali para frente, cada veículo seguiu sua rota, um indo para Andradina, outro para a Água Limpa e o terceiro virando na estrada para Jales. Os comandantes iam nas peruas e os comandados já os esperavam nas imediações de seus alvos.

O ataque simultâneo teria de começar impreterivelmente às 5 horas da manhã. Adalberto olhou seu relógio Omega. Eram 4 horas.

O silêncio era total. O luar tênue de uma Lua encoberta por algumas nuvens, a brisa da madrugada no meio de uma mata espessa, o aroma agradabilíssimo do orvalho produto de sua química ao tocar as flores silvestres transformavam-se em antídoto contra as tensões provocadas pelas perspectivas daquelas pessoas agachadas e perscrutadoras.

Havia movimento na casa. Principalmente no andar superior. 5 horas! Todos se movimentaram cada um obedecendo a um roteiro pré-estabelecido. Os principiantes postaram-se, armas nas mãos, apoiados em um só joelho, protegidos por arbustos, ao lado de seus comandantes; dois outros, os oficiais Jefferson e Mattoso, com armas brancas empunhadas, observavam cada um dos guardas que circundavam a casa, numa vigília sonolenta, despretensiosa pela convicção de que ninguém ousaria se aproximar daquele recinto; Carlão e Márcio rodeavam a casa, procurando uma brecha para escalar as paredes até o segundo andar; Adalberto e Mércia estavam na lateral direita, pois adentrariam pela porta da frente.

Este, sorrateiramente, corcoveava pelo chão, apoiado nos cotovelos. Propositalmente, quase alcançando a área, fez um barulho com a garganta, o que despertou a atenção dos guardas. Ao se virarem, nada mais viram: agarrados pelo rosto e tendo a boca tampada pelas mãos enluvadas, tiveram as gargantas decepadas pelos punhais de Jefferson e Mattoso.

Imediatamente, os soldados e Mércia correram no encalço do Coronel que adentrara na casa. No primeiro andar, apenas um homem cochilava em um sofá. Adentrou mais profundamente no mundo dos sonhos ao receber uma pancada na cabeça.

Iniciaram a subida da escada lateral que conduziria o grupo ao segundo andar. De repente, no topo da mesma, deram de testa com um homenzinho franzino portando uma gigantesca metralhadora. Iniciou-se aí o tiroteio e a gritaria.

O Comandante já estava, em um "vôo rasante", dentro da sala atirando para todos os lados munido que estava de duas pistolas. Bastava vislumbrar um vulto e o gatilho era acionado. Mércia, no portal, atirava mais compassadamente, aproveitando que os gangsteres se preocupavam com o atirador de dentro da sala. Jefferson adentrou também no interior do cômodo; os bandidos refeitos dos sustos e se protegendo por detrás de móveis, caixotes, placas, começaram a revidar e um deles conseguiu acertar Jefferson que se estatelou de boca no chão, morto. Mattoso retrocedeu e Mércia pulou para o interior, protegendo-se no corpo de Jefferson. Atingiu de cheio a cabeça de um nissei tendo a bala Dundum explodido a sua cabeça. A moça rolou para detrás de uma escrivaninha, protegendo-se, e que ficava a aproximadamente um metro do armário embutido.

O Coronel viu três homens escapando por uma porta lateral; o poder de fogo do inimigo diminuíra; Mattoso finalmente adentrou no recinto e com sua metralhadora dizimou os quatro restantes. Adalberto saiu no encalço dos fugitivos.

Dentro do armário a cena era terrível: Bebel ouviu e assistiu pelas frestas da porta do armário ao intenso tiroteio. Ao mesmo tempo em que via seus companheiros tombarem mortos, ela se munia de um facão e de um revólver calibre 44 deixado em um pequeno suporte do armário. Voltou-se para Iara, que aterrorizada, sem saber o que realmente estava acontecendo, apenas ouvia a balbúrdia dos tiros e gritos fora do armário, mas sempre observando as atitudes de Bebel. Pressentiu para si um fim trágico. Tentou se desvencilhar das algemas. Mas como? E Bebel se aproximando.

Com suas fortes mãos arrancou de um só golpe o vestido de Iara, enfiou-lhe um pedaço boca adentro, desferiu-lhe um violento tapa na face esquerda, e, com chutes, fez os sapatos da menina voarem longe. Pegou-lhe, com a mão esquerda, seu seio esquerdo, apertou-o, e aproximou a lâmina do facão. Iara debatia-se. A mulher pressionava a lâmina. Iara via seu próprio terror estampado nos olhos esbugalhados da sádica. Doía muito a lâmina penetrando. De repente...

Bebel sentiu uma fisgada nas costas. Iara percebeu uma piscada mais violenta nos olhos da mulher. Bebel quis gritar, mas não o conseguiu. Da boca da mulher a prisioneira viu dois filetes de sangue descendo pelos cantos dos lábios. Bebel cambaleou. Iara sentiu afrouxar a pressão do facão e da mão da mulher. Bebel, voltando-se lentamente, vislumbrou, na porta do armário, o vulto de alguém loiro, vestido de preto, braço estendido e uma arma na mão. Iara imediatamente reconheceu Mércia o que a fez chorar copiosamente. Bebel tentou ainda avançar para o vulto. Iara, entre lágrimas, viu a cabeça de Bebel despedaçar-se ao receber o segundo tiro desferido por Mércia.

Bebel desabou. Iara sentiu o cansaço e pendurou-se nos próprios braços. Mércia correu para ampará-la.

- Chegamos! Demoramos, mas chegamos! Pobre amiga! O que você deve ter sofrido! – e, chorando baixinho, ao mesmo tempo em que a amparava, procurava estancar o filete de sangue que escorria do corte no seio.

VINTE E SEIS

Corriam desenfreadamente, pulando troncos de árvores caídos pela trilha, desviavam das pedras com muita agilidade, principalmente Maisena com seu corpo grande e largo. Amadeu acompanhava, com a camisa aberta, Dr. Wladimir, permanecendo na frente de Maisena.

Adalberto encontrara na saída Carlão e Márcio. Após avisa-los da fuga pediu que os mesmos se juntassem a ele. Correram na direção da Olaria, única possibilidade de fuga, na perspectiva do Comandante. Mattoso ficara na casa, dando assistência para Mércia e Iara e sondando a possibilidade de algum sobrevivente.

Mércia achou as chaves das algemas em um dos bolsos da megera morta. Abriu-as, primeiro as dos pés e depois as dos pulsos, segurando o corpo quase desfalecido de Iara. Carregou-a para um canto do armário, sentou-a cuidadosamente escorada na parede e pôs-se ao se lado. Iara escondeu o rosto no pescoço de Mércia e liberou suas angústias, seus temores, sua raiva, em um choro convulsivo, repetindo inúmeras vezes o nome de Mércia. Após algum tempo sentadas, inertes, Mércia levantou-se, foi até a sala do tiroteio, tirou a calça de um morto e a camisa de um outro, trouxe e cobriu a nudez de Iara.

Ao chegar à Olaria, Dr. Wladimir dirigiu-se para um galpão. Ao abrir as grandes portas, deu um berro:

Maisena entrou e sentou-se no banco traseiro enquanto o Doutor assumia o manche do pequeno avião. O motor foi acionado. Negou a primeira partida. Novamente acionado o motor a hélice girou após uma engasgada do motor e um arranque.

Os militares ouviram o ronco do motor. Passaram a correr mais e mais, Carlão tropeçou e quase caiu, Márcio só tinha olhos para a trilha, acompanhando a disparada do Coronel. Avistaram as chaminés. Logo depois chegaram no pátio.

Iara recostou sua cabeça novamente no ombro de Mércia, ali permanecendo, ora soluçando alto, ora chorando desbragadamente.

A aeronave esquentava o motor no início da improvisada pista de grama. Ela correria para o lado oposto ao que estavam os perseguidores. O Coronel correu para alcança-la. Neste momento o aviãozinho começou a deslizar pela pista e a ganhar velocidade.

Carlão disparou a metralhadora. Adalberto atirava com as pistolas. Dentro da aeronave Maisena deu um grito:

O piloto tentou achar mais potência no motor. Sentiu-o falhar. Da asa derramava gasolina. O Doutor puxou o manche. O avião levantou o nariz e começou a ganhar altura. Uma fumaça cinzenta saindo por baixo do motor acompanhava a trajetória do avião. Não conseguiu altura suficiente para sair dos arvoredos. A pequena aeronave entrou pelo mato, e, por ser leve, não foi muito dentro, ficando presa nas árvores, toda destroçada.

Adalberto, Carlão e Márcio se aproximaram com a intenção de retirar os feridos e algemá-los. Foi quando Márcio gritou:

Foram impedidos pelo enorme clarão que se seguiu. O fogo surgiu com suas labaredas no meio de uma explosão do tanque de gasolina em uma das asas e logo tomou conta do corpo da aeronave.

Adalberto ainda se aproximou pelo outro lado e viu o Dr. e Maisena tentando se libertar do cinto de segurança e da lataria que os aprisionava ao avião. Ele tentou abrir a porta, mas esta estava emperrada, retorcida. O fogo entrou na cabine. Os homens gritavam desesperados. As labaredas cresciam e os homens se debatiam, lutavam para se libertar. Gritos horríveis ecoavam do avião. O Coronel, diante da ineficácia de qualquer tentativa de tirar os pobres diabos daquele inferno, desceu da árvore e assistiu desanimado o avião consumir-se e transformar-se em um monte de cinzas.

- Que morte horrível! – ponderou Márcio

Ali permaneceram até o pequeno veículo transformar-se em um monte de cinzas no meio do mato. Todos impassíveis, meditando sobre a vida e a morte, principalmente, as estúpidas e trágicas como aquelas. Pensaram que naquele momento aqueles homens deveriam estar se explicando sobre seus atos e conseqüentemente expulsos da presença de Deus e entregues à Satanás, que os recebia de braços abertos e garras afiadas.

Inspecionaram vários cômodos da fábrica de tijolos. Nos depósitos nenhum tijolo sequer. Na sala destinada às ferramentas umas duas enxadas e um enxadão. Nenhuma pá. A garagem completamente vazia. Em apenas um forno encontraram cinzas. No pátio nada de barro ou carrinho transportador do mesmo.

VINTE E SETE

Os paramédicos aplicaram-lhe um sedativo injetável, Logo ela começou a ceder, ficando sonolenta, sonolenta, até que adormeceu. Mércia levantou-se e assistiu a troca daquelas roupas enormes e sujas por um pijama branco. Viu colocarem-na em uma maca e a acompanhou até a ambulância. Neste instante chegavam Adalberto, Márcio e Carlão. Marcio estava pálido e angustiado.

Todos se retiraram, deixando a limpeza para os especialistas no assunto. Para dar satisfações à imprensa foi designado o Tenente Claudionor, que comandava a perícia do local. Deveria contar o milagre sem declarar o santo, ou santos.

Ao chegarem em casa Mércia e Márcio foram recebidos com afetuosos abraços por parte dos pais. Nunca haviam deles escondido os seus treinamentos e a vontade imensa de participarem da FAB, principalmente depois de todas as reformas que sofrera. Estavam fazendo Universidade apenas com a finalidade de adquirir um diploma, uma qualificação mais adequada para seus objetivos: serem militares.

Imediatamente Mércia ligou para a Casa de Saúde Santa Teresinha, para saber notícias de Iara. Pediu para falar com os Drs. Raposo e Barbosa. Conversou um longo tempo. Perguntou várias vezes, silenciou outras tantas. Por fim, desligou o telefone. Ficou pensativa.

Passaram boa parte do dia narrando suas aventuras para os pais. Quando souberam que Iara havia acordado, tomaram emprestado o carro do pai e foram até o hospital. Na entrada, todos os amigos estavam lá: Tereza Cristina, Décio, João Gordo, Walter, enfim todos eles. Foi um congraçamento intenso. Abraços e parabéns em profusão. Comentários alegres, piadinhas, alegria total.

Entraram pela porta principal do nosocômio, dirigiram-se para a porta com molas, subiram a escada e chegaram no apartamento nº 12. Sorrateiramente abriram a porta. Lá estava ela. Deitada, coberta por alvos lençóis, braços desleixados prolongando-se pelo corpo, cabelos escorridos até os ombros, uma camisola branca até o pescoço. Parecia adormecida. Estavam em sua companhia seu pai Sr. Francisco e sua mãe D. Conceição, dois portugueses simples, sociais, alegres e muito amigos dos amigos de Iara.

Ao verem os irmãos, levantaram com um enorme sorriso nos lábios, e os abraçaram na entrada do quarto. Ambos, agora choravam, agradecidos pela salvação da filha. Quando Márcio afastou-se de Sr. Francisco, percebeu Iara acordada e um lindo e meigo sorriso no rosto. Não resistiu. Aproximou-se da cama, sentou-se e abraçou com muita ternura a menina. Esta também o agarrou com força. E assim ficaram por vários minutos, instante em que suas lágrimas se misturavam, lágrimas de alegria, de amor, de consentimento, de pura felicidade.

E as duas amigas trocaram um caloroso e emocionado abraço acompanhado de vários "Muito obrigado" por parte de Iara.

Ambas se despediram rindo aos cântaros.

VINTE E OITO

Três meses. Longos, tristes para uns, alegres para outros, péssimos para estes, ótimos para aqueles, doentios para uma minoria, saudáveis para a grande maioria... Enfim! Longuíssimos três meses...

Muitas pessoas detidas para averiguações, ficando a maioria, a grande maioria delas permanecendo na cadeia. Provas irrefutáveis extraídas dos arquivos da Aliança Representações, Pecuária e Exportações: registro de pagamentos por serviços prestados, autorizações para uso dos veículos da Empresa, ordens nominais para abastecimento em Postos de Gasolina e Aeroportos, relatórios assinados, confissões espontâneas ou induzidas, imóveis em nome de funcionários ou de pessoas que nem sabiam tê-los em seus nomes, e, o mais caracterizador da vida ilícita da Empresa: uma despesa muito acima do seu superávit declarado, aliado a um patrimônio impossível de se adquirir em tais circunstâncias.

Pessoas até então ilibadas presas por ativa participação nos escusos lucros da Aliança, como o Deputado Federal Gualberto Lima, detido sem nenhuma burocracia ou Fórum privilegiado, acusado de favorecimento à Empresa com isenções de Impostos; o médico Augusto Farnari, pediatra e pecuarista, acusado de pedofilia sedada, com o intuito da exportação de menores para a prostituição européia; o ex-prefeito da cidade Augusto Faro, acompanhante de várias mulheres contratadas por ele para trabalharem como domésticas na Espanha, na realidade em prostíbulos espanhóis, e tantas outras. Foi um limpa geral. E, segundo acordo firmado entre a FAB, a OAB e o Ministério Público, sem regalias de prisões especiais para ninguém, ou concessão de habeas-corpus. Todos aguardariam o julgamento em regime fechado, sem fórum privilegiado ou celas especiais.

Iara sobressaltava-se nos primeiros dias, após sair do Hospital. Acordava, altas horas da noite, aos gritos de socorro, mesmo quando passou a dormir com seus pais no mesmo quarto. Não saia de casa para nada. Era uma reclusa em seu próprio lar. Ficava horas sentada na penumbra da sala de visitas, quieta, distante, às vezes soluçando baixinho, outras completamente inerte.

As visitas e conversas constantes dos amigos que a visitavam, principalmente Mércia e Márcio, fizeram com que lentamente fosse se descontraindo, de vez em quando emitindo um leve sorriso diante das palhaçadas aprontadas pelos meninos, com supostas e dramatizadas brigas.

Com o passar do tempo e por insistência de Mércia fez sua primeira aparição pública após os incidentes: foi a uma sessão no Cine São Francisco. Tiveram de dsviar pela Torres Homens para alcançar a Carlos Gomes. Ela recusou terminantemente passar pela esquina em que havia sido seqüestrada.

Demorou muito para voltar ao normal o que requereu uma grande paciência e uma profunda amizade de Mércia empregadas em conversas, passeios e atividades, principalmente as da Faculdade. Padre Mário Pellatiello garantiu-lhe a freqüência e pediu a assistência dos professores através de Mércia, única companhia espontaneamente aceita por Iara.

Agora, ela já havia retornado ao seu cotidiano. Participava das aulas, passava, ainda receosa, pela esquina onde sofrera a violência, encontrava-se com a turma na pracinha, ia ao cinema, à praça. Apenas um resquício ainda lhe ficou: nunca saía sozinha.

Márcio quase tumultuou sua vida. Preocupadíssimo com a situação vivida por Iara dedicou-se de corpo e alma à recuperação da menina. Diuturnamente estava ao seu lado. As aulas e os estudos passaram para segundo plano, as outras amizades quase esquecidas.

Mas, algo estranho aconteceu. De repente, num átimo, voltou aos estudos e com duplicada dedicação. Todos estranharam esta atitude. Não que esquecera ou se despreocupara de Iara, pois continuava acompanhando-a só que agora tendo algum livro de Física ou Química, debaixo dos braços. Todos estranharam sua atitude.

Só ele sabia o porquê! Somente ele! Ecoava ainda em seus ouvidos o teor do telefonema que recebera. E de quem recebera. Era a oportunidade de sua vida. E ele a agarraria com unhas e dentes.

Mércia! Dedicada, amiga, irmã, conselheira, sempre com aparência alegre, sempre com aparência meiga, sempre com aparência... Aparência... Aparência... Aparência! E ela? E o seu interior? E a sua essência? O que lhe acontecera? O que fizera? Por que a abandonaram: Qual havia sido o seu crime? Nenhum telefonema... Nenhum comunicado... Nada! Simplesmente... Nada! Desaparecera por completo... Três meses... Desaparecera... Mas, por que? Ele descobrira algo sobre ela que nem mesmo ela o sabia? Esta angústia quase a matou. Pensou mesmo em desaparecer para sempre deste mundo.

A dedicação à Iara a auxiliou, e muito, em superar o caos existencial em que se aprofundou. Depois o retorno à Faculdade foi outro amparo existencial. Menos mal que ninguém lhe perguntava ou comentava sobre ele perto dela. Pareciam evitar o assunto quando ela estava por perto. E ela procurou não deixar transparecer a ninguém os problemas que vivia. Com coisa que ninguém os percebera.

E agora estavam prestes a receber homenagens pelos feitos heróicos praticados. Sentia-se vazia, desmotivada e se ali compareceria ainda duvidava. Tudo que lembrasse aqueles sublimes momentos vividos com o militar precisavam ser evitados. Machucavam-na demais.

E ela compareceu. As solenidades aconteceram No imponente prédio da Câmara Municipal de Araçatuba. Mércia sempre sentira uma emoção diferente, indecifrável, gostosa, quando chegava diante daquela escadaria de mármore e principalmente no magnífico jardim existente na lateral do prédio. Mesclavam-se o perfume das plantas e o odor distante do cloro que emanava da piscina do Araçatuba Clube produzindo sensações inebriantes, eternas, nostálgicas, inesquecíveis.

Seus pais a acompanhavam. Na varanda e na escadaria muitos grupos familiares se formavam. A cada chegada, abraços efusivos, cumprimentos de uma sociedade fraterna e reconhecida. O congraçamento era completo. Sorrisos, gargalhadas, tapinhas nas costas, abraços efusivos, referências elogiosas, comentários hiperbólicos, tudo ali acontecia. Os homenageados preferiam separar-se dos familiares e se agruparem.

No auditório ocupavam as primeiras cadeiras. Quando Mércia e Márcio chegaram, encontraram um auditório lotado, com cadeiras reservadas para os familiares que ainda estavam do lado de fora, e ocupando suas respectivas cadeiras: Iara, Mattoso, Renato, Carlos Nascimento, Otelo, Corte Real, e o pai de Jefferson. Estranhou!

Mércia sentiu um certo desconforto. Aquelas ausências, mais o fato do total desaparecimento de Adalberto, provocaram-lhe terríveis suspeitas. Será que... Não! Não era possível! Deus não lhe imporia tamanho castigo! E a cerimônia iria começar. Ela continuou distante, pouco ouvindo o que se anunciava.

O alarido das conversas altas logo se transformou no murmurinho de cadeiras arrastadas, cochichos, tosses... Finalmente o silêncio imperou no recinto.

Entusiásticos aplausos. Mércia, muito distante dali. Preocupações mil! Refúgio? Sonhos acordados.

Mércia, cutucada por Márcio, voltou à realidade.

Desapontamento total. Expectativa frustrada. Quis sair. Chegou a se levantar. Márcio a segurou e para disfarçar passou para a cadeira que ela ocupava e a fez sentar, com um indisfarçável puxão, na que antes ocupava. Mércia ficou fula de raiva.

VINTE E NOVE

Solenemente Rogério foi introduzido no ambiente acompanhado pelo Presidente da Assembléia Legislativa Municipal que abandonara seu posto, percorrera todo o corredor para acompanhá-lo.

A platéia, em pé, o aplaudia e era correspondida por acenos e sorrisos do militar. Passou pelos homenageados com o rosto virado para o outro lado. Mércia considerou isto como um gesto de falta de educação.

Iara resolveu sanar uma dúvida que lhe ocorrera:

Mércia sobressaltou-se com a pergunta. Sim! Iara tinha razão! Por que?

Um discurso afinado, vocabulário rico, politicamente correto; Falava em nome dos dois poderes. Coisa rara de acontecer. Era necessário, senão a solenidade estender-se-ia por muito tempo. Mércia até que se esforçava, mas não conseguia prender sua atenção ao que dizia seu antigo professor de Matemática. A pergunta sem resposta ainda persistia em sua mente. Não era possível que aquela noite no Clube dos Bancários tivesse sido a única. Que aquela sensação inebriante dos carinhos recebidos, aqueles beijos, néctar dos deuses, o aconchego nos ombros do amado, referencial de proteção, houvessem acabado, simplesmente evaporado, como num gesto de mágica.

Passaram a palavra para o Capitão Rogério Cardoso. Despertou ouvindo o militar tecer comentários sobre a brilhante palestra do Monsenhor Victor Ribeiro Mazzei, pároco da cidade, representante do Poder Eclesiástico. E ele falara? O que dissera para ser tão elogiado? Sentiu-se envergonhada por tamanho desrespeito. Corrigiu-se na cadeira. Sentiu-se desconfortável. Nova ajeitadinha. O capitão continuou sua fala:

Expectativa geral. Sobressalto dos homenageados. Angústia de Mércia.

A angústia de Mércia passou para todos. Eram contidos os gritos de "Fale logo". A demora aumentava a ansiedade.

Houve movimentos muito rápidos de consentimento por parte da mesa, dos homenageados e da platéia.

O coração da loira disparou e quase saiu boca afora...

Sentiu que sofreria uma vertigem.

As pernas bambearam e ela desleixou-se de vez sentada na cadeira. Mãos cobrindo o rosto, lágrimas escorrendo, choro convulsivo.

Todos gritaram, uníssonos: "Ela aceita! Ela aceita, sim!".

Mércia recompôs-se com um sorriso meio sonso, demonstrando incredulidade, surpresa. E ele estava vivo1 E ela iria trabalhar com ele!

Ela já havia se levantado e, em uma desabalada corrida, saído do salão. Rogério prosseguiu.

Enquanto isso...

Mércia chegara até a praça. Da esquina do clube ela avistou o Simca vermelho e amarelo. Novamente correu, desta vez em direção ao corro. Estava vazio. Olhou para todos os lados. Deu a volta e buzinou várias vezes. De cima de uma das árvores:

Adalberto apenas tocou o chão e se viu envolvido pela garota e silenciado com um forte beijo. Afastaram-se. Agora, um terno e suave beijo, desfrutando o néctar espiritual, um do outro, trocando energias que só poderiam advir dos céus. Momento sublime da confirmação do amor.

TRINTA

Renato recebia seu diploma e sua medalha, entregues pela autoridade sacerdotal. Os aplausos eram constantes. O militar agradeceu a homenagem em uma breve mensagem falada ao microfone. Desceu as escadas e dirigiu-se para seu lugar. O auditório ficou silencioso a espera do novo ou da nova homenageada. De repente! Um gritinho de surpresa e a explosão de entusiásticas palmas. Todos olharam para trás, e viram um casal adentrando no salão. A claridade traçava uma auréola impedindo a visualização dos rostos, o que, indubitavelmente, tornava-se desnecessário.

Adalberto passava o braço esquerdo pelas costas de Mércia segurando-lhe o ombro esquerdo e esta, seu braço direito pela cintura dele. Caminharam assim por todo o corredor. Ao chegarem perto dos homenageados separaram-se e Adalberto passou a cumprimentar, um por um, abraçando-os efusivamente. Pegou Mércia pela mão e com ela subiu as escadas que os conduziam até a mesa. Solicitou uma cadeira para Mércia e dirigiu-se para o microfone.

E foi com este tom informal, como em uma conversa com amigos, que ele descreveu a operação de resgate de Iara, os resultados obtidos com a aniquilação da empresa Aliança, seu repentino desaparecimento, a sua atuação no Japão, em que, graças às provas obtidas junto à Aliança sobre o tráfico de escravas brancas, conseguiram desbaratar uma grande parte, senão toda, da Yakusa japonesa, receptadora das meninas brasileiras. Falou ainda sobre o projeto das Tropas Femininas, o porquê da escolha de Mércia para Comanda-las. Finalizou pedindo credibilidade para as Forças Armadas, participação mais ativa da população junto à polícia local, e críticas construtivas sobre o trabalho da mesma.

Foi aplaudidíssimo pelo auditório. Recebeu cumprimentos da mesa diretora dos trabalhos. Sentou-se ao lado de Mércia que imediatamente recostou-se em seu ombro, até cerimônia terminar.

Após os cumprimentos de despedida, desceu acompanhado por Mércia e enfrentou o cerco que foi total. Todos queriam abraçá-los, cumprimentá-los. Os próprios colegas homenageados providenciaram um cordão de isolamento que os conduziu para fora do recinto da reunião.

Nas escadarias mais cumprimentos. De repente:

Neste ínterim, Márcio saíra do prédio da Câmara, levando Iara a tiracolo. Foram até a Praça Getúlio Vargas. Sentaram-se no banco, perto de um dos arcos de plantas e com costas para a casa do Dr. Célio Cintra e D. Baby, pessoas muito familiares ao povo de Araçatuba. Márcio correu até a Sorveteria do Sr. Nenê, pegou duas Cocas e retornou para o lado de Iara.

Estava agachado na frente dela, levantou-se, sentou-se ao seu lado e a abraçou fortemente e a beijou ternamente.

As risadas dos dois foram o atestado da felicidade que ambos desfrutavam.

Outro local, outro ambiente, outra áurea.

E trocaram um longo beijo. Tocava "You are my destiny". E eles estavam sozinhos no Clube dos Bancários.

PERSONAGENS

T U R M A

Mércia Maria Tagliaferro

Márcio Antonio Tagliaferro

Tereza Cristina Vilasboas

Décio Motta

João Carlos Mendes

Jonas Antonio Duarte

Iara D'Ávila Melo Cabral

Walter Duarte Souza Neto

Nilton Ortoloni

M I L I T A R E S

Tenente Corte Real: eletrônica;

Tenente Renato Marzagão: camuflagem e disfarces;

Capitão Carlos Nascimento: infiltração e aproximação;

Tenente José Honório do Amaral, ou Tenente Otelo: armamento;

Capitão Rogério Cardoso: Coordenador Extra-Campo.

Tenente João Dias: Diretor do Aeroporto de Araçatuba

Sargento César Pereira: atirador de elite

Tenente João de Souza: Comte. da Patrulha que captura o carro 35.

Capitão Homem de Melo: Comte do Grupo de Assalto ao Ed. Araçatuba.

Capitão Nelson Trivilin: Comte do Grupo de Assalto ao Timboré.

Tenente Mário Gonzaga de Amorim: instrutor bélico de Mércia e Márcio.

Tenente Jorge Lima Mattoso: participante do ataque à Casa da Mata

Tenente Jefferson Cordeiro Silva: morto em combate na Casa da Mata.

Tenente Claudionor Vieira: encarregado da Imprensa

AUTORIDADES E MEMBROS DA COMUNIDADE

Sillas José Venturini – Prefeito Municipal,

Dr. Alfredo Yarid Filho: Pers, da Câmara Municipal.

Dr. Orloff Mendes: MM Juiz de Direito de Araçatuba.

Monsenhor Victor Ribeiro Mazzei: Pároco da cidade

Juventino Daia Gomes – Sec. Municipal da Administração

Prof. Eleosina Roriz: Secretária Municipal de Educação

Padre Mário Pellatiello: Reitor da Univ. Salesiana de Araçatuba.

Amélia Cintra: funcionária inocente da Aliança – 21 anos

D. Guiomar Pacce: costureira – proprietária da casa de Tomáz

Sr Fernando Fonseca: pai de Tomáz.

Seu Angelin Torloni: encarregado das piscinas do Araçatuba Clube

Sr. Antonio Tagliaferro – pai de Mércia

D. Maria Tagliaferro: mãe de Mércia

Elói de Oliveira: tio de Adalberto

Seu Agenor Modesto: maitre do Clube dos Bancários

Daniel de Carvalho: Professor de Educação Física de Mércia e Márcio.

Sr. Francisco D'Ávila Cabral: pai de Iara

D. Conceição Melo Cabral: mãe de Iara.

Mal. Humberto de Alencar Castelo Branco: Presidente da República

PROSTITUTAS A SERVIÇO DA EMPRESA

Carolina Ferreira Mattoso - Caroline – prostituta morta por traição

Belinha – Izabel – Prostituta assassinada com Caroline

Tianinha – Sebastiana – Prostituta subserviente.

Crucificada inominada: morta acusada de traição.

Nadiara Peixoto: uma das meninas exportadas pela organização.

BANDIDOS E SERVIÇAIS

Dr. Wladimir Pimenta Ribeiro – Chefe da quadrilha

Amadeu da Silva Neto – Assessor direto

Stanislauw Pontes: representante em Andradina

Tomáz Fonseca da Silva – assecla infiltrado na Universidade

Sérgio Zuppi: secretário do D. A., cúmplice de Tomáz.

Demóstenes, o Maisena – assecla executor – assassino sádico.

Frederico Sandes: assecla de Maisena, morador no Timboré.

Giovanni Alves: assecla de Maisena, morador do Timboré.

Pedro de Almeida: assecla de Maisena, morador do Timboré.

Eduardo Felisberto: responsável pela mansão do Rio de Janeiro

Marly Antunes Felisberto: esposa de Eduardo.

Guarda 01 – vigia da Alfândega – assassinado por incompetência.

Guarda 02 – vigia da Alfândega – assassinado por incompetência.

Levy Silva: membro da quadrilha – o faxineiro dos crimes

Luiz Antonio: pivete do Bairro Santana.

Krykor Karselhan: fotógrafo oficial da empresa.

Egberto Figueira: marginal preso – Carro 35

Célio Cardoso dos Santos: marginal preso – Carro 35

Paulo Rodrigo Mendes: marginal preso – Carro 35

Bebel – lésbica sádica.

Margarida – assecla infiltrada no grupo de universitários.

Deputado Federal Gualberto Lima: isenção ilícita de impostos

Dr. Augusto Farnari: pediatra, pecuarista, acusado de pedofilia sedada,

Augusto Faro: ex-prefeito, traficante de mulheres para a Espanha

JAPONESES

Ideo Takahashi: representante brasileiro dos marginais nipônicos

Fuzio Ikeda: membro da comitiva em visita ao Brasil


Nenhuma história que eu relato efetivamente aconteceu. Mas poderia ter acontecido, pois, no fundo, são verdadeiras, pois não invento nada sobre o nada absoluto. De um modo geral, o escritor inventa sobre o que vê, sente e ouve.

( Deonsio da Silva )


FEVEREIRO/2003

Review This Story || Email Author: Geraldo Antonio Lelis De Freitas



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